As infecções hospitalares são mais comuns em Portugal?

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Quase 10% dos doentes internados ficam com uma infecção hospitalar Fernando Veludo/Nfactos

É comum um doente contrair uma infecção hospitalar num internamento?

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É comum um doente contrair uma infecção hospitalar num internamento?

Segundo o último inquérito conhecido do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (de 2012), uma em cada dez pessoas internadas nos hospitais portugueses tinha uma infecção hospitalar, quase o dobro da média dos 30 países avaliados. De resto, quase metade dos perto de 20 mil doentes portugueses estudados estava então a tomar antibióticos (quando a média europeia era de 35,8%).

As infecções por Klebsiella pneumoniae, como em Gaia e em Coimbra, estão entre as mais comuns?

No conjunto das infecções hospitalares, a emergência da Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemes (KPC) é ainda um problema com pouca visibilidade (1,8%), está até um pouco abaixo da média europeia e muito longe daquilo que se verifica noutros países, como a Grécia (50%) e a Itália (30%). Ainda assim, o coordenador do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos, José Artur Paiva, olha para problema com uma certa apreensão, por estarmos a “assistir a uma progressão significativa”, ao passarmos de 0,3%, há três anos, para 0,7%, no ano seguinte, e 1,8%,em 2013.

Além disso, a resistência desta bactéria às cefalosporinas de terceira geração teve um aumento de 27,5% para 38,7% entre 2009 e 2012. Por isso, o programa instituiu uma rede de vigilância de microorganismos que está alerta para a rápida detecção destes casos e prevenção da transmissão entre doentes. Este tipo de resistência está descrito em Portugal desde 2009.

Quais são as infecções que inspiram mais preocupação?

A comunidade científica definiu um grupo de bactérias que constitui particular preocupação em termos de aquisição de resistência a antimicrobianos, designando-o pelo acrónimo ESKAPE, que corresponde às iniciais dos seguintes microrganismos: Enterococcus resistente à vancomicina, Staphylococcus aureus resistente à meticilina, Klebsiella produtora de betalactamases de espectro alargado, Acinetobacter resistente ao imipeneme, Pseudomonas resistente ao imipeneme e Enterobacter resistente às cefalosporinas de terceira geração. Algum tempo depois, o Clostridium difficile foi também integrado neste grupo.

Em Portugal, como são as taxas de resistência destas infecções aos antibióticos?

Portugal tem apresentado taxas de resistência semelhantes às da maioria dos países europeus em termos de Klebsiella, Enterobacter e Pseudomonas e taxas mais elevadas que a média europeia em Staphylococcus aureus e Enterococcus. No caso da Staphylococcus aureus, a taxa de resistências aos antibióticos ronda os 50%, mas tem vindo a baixar nos últimos anos. Em 2012, a taxa de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina diminuiu pela primeira vez e em 2013 repetiu-se a tendência. Portugal passou, assim, do primeiro para o terceiro lugar na lista dos países com piores indicadores.