A Europa deve começar já a preparar-se contra o Zika, diz OMS
Com a Primavera, a infecção deve alastrar todos os países que têm o mosquito Aedes aegypti. Em Portugal, existe na ilha da Madeira.
Os países europeus devem começar a preparar-se para proteger as suas populações contra o vírus Zika. Embora não haja casos conhecidos de transmissão no continente, com a chegada da Primavera pode começar a espalhar-se, afirmou a directora para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), Zsuzsanna Jakab.
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Os países europeus devem começar a preparar-se para proteger as suas populações contra o vírus Zika. Embora não haja casos conhecidos de transmissão no continente, com a chegada da Primavera pode começar a espalhar-se, afirmou a directora para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), Zsuzsanna Jakab.
Apesar de não haver infecções contraídas na Europa, os serviços de saúde irlandeses divulgaram que dois cidadãos da Irlanda foram infectados em viagens a países onde existe a doença, mas que recuperaram e estão bem. Em nenhum dos casos se trata de uma grávida.
O caso irlandês não é único: "Em Portugal foram detectadas seis pessoas com o vírus. Quatro no ano passado e duas este ano. São casos importados", afirmou a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas.
“Vários viajantes infectados com Zika entraram na Europa, mas o ciclo de transmissão da doença não continuou, porque o mosquito ainda está inactivo. Com a chegada da Primavera e do Verão, aumenta o risco de o vírus Zika se espalhar”, afirma a responsável regional da OMS, numa declaração divulgada esta quarta-feira.
O calor acelera o desenvolvimento dos mosquitos do género Aedes, cuja picada transmite o vírus Zika. “Com temperaturas mais altas, os mosquitos alimentam-se com maior frequência, e aumentam as possibilidades de ficar infectado”, disse à Associated Press o entomólogo Bill Reisen, da Universidade da Califórnia em Davis.
O calor faz acelerar também a velocidade com que o vírus faz cópias de si próprio dentro do mosquito, tornando mais provável que a sua picada seja infecciosa. Normalmente os mosquitos não vivem mais do que dez ou 12 dias, o mesmo tempo que o vírus leva a multiplicar-se e a chegar ao ferrão do insecto, para poder ser transmitido na picada. Mas todo esse processo é potenciado com a chegada do calor, explicou à agência norte-americana Tom Scott, professor de entomologia e epidemiologia também da Universidade da Califórnia em Davis-
A cidade de Recife, o local mais afectado no Brasil, viveu os meses mais quentes e Setembro, Outubo e Novembro desde que há registo, segundo dados da NASA e o estado de Pernambuco viveu o ano mais quente e seco desde 1997, segundo o instituto de meteorologia brasileiro.
O resultado destas observações, concluiu a responsável para a Europa da OMS, é que a Europa tem de se preparar, com a chegada da Primavera. “Todos os países nos quais há mosquitos do género Aedes podem estar em risco”, alertou Zsuzsanna Jakab.
Em Portugal, existem na ilha da Madeira há vários anos mosquitos Aedes aegypti, que transportam o vírus Zika. Graça Freitas disse à Lusa que o mosquito está circunscrito a certas zonas, estando as autoridades regionais a analisar e a tentar controlar a situação.
A OMS anunciou que o vírus Zika e a sua ligação a deformações em recém-nascidos – microcefalia – é uma "emergência de saúde pública de âmbito internacional”, designação rara que abre caminho à acção médica global. No Brasil, o número de casos de microcefalia subiu numa semana de 3718 para 4074, segundo o Ministério da Saúde.
O potencial de preocupação está a aumentar porque os Centros de Controlo e Prevenção das Doenças (CDC) dos EUA confirmaram um caso de transmissão do vírus Zika por via sexual: “Um viajante que esteve na Venezuela regressou aos EUA e desenvolveu sintomas da infecção por Zika, tal como a pessoa com qual teve relações sexuais, que não saiu de território norte-americano”, explicou Tom Friedmen, director dos CDC, a instituição de referência para as doenças infecciosas nos Estados Unidos.