Ministério da Agricultura negocia com 23 países exportação de produtos agrícolas
Abertura de novos mercados é essencial para aumentar as vendas no estrangeiro de frutas e legumes e escoar produção nacional, sobretudo, de pêra-rocha.
O Ministério da Agricultura está a negociar com um total de 23 países a abertura do mercado a produtos agrícolas nacionais. As exportações de frutas e legumes ultrapassaram os mil milhões de euros no ano passado, mais 13% face a 2014, mas para dar resposta ao aumento da produção falta chegar a geografias que, até agora, estão vedadas aos agricultores nacionais.
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O Ministério da Agricultura está a negociar com um total de 23 países a abertura do mercado a produtos agrícolas nacionais. As exportações de frutas e legumes ultrapassaram os mil milhões de euros no ano passado, mais 13% face a 2014, mas para dar resposta ao aumento da produção falta chegar a geografias que, até agora, estão vedadas aos agricultores nacionais.
A pêra-rocha, a fruta mais exportada por Portugal, está à venda na Europa e no Brasil mas tarda em chegar ao México e à Colômbia. Também na China não é possível vender este produto. Capoulas Santos, ministro da Agricultura, garantiu nesta quarta-feira que o ministério “tem dossiês abertos com 23 países” e está a fazer esforços para desbloquear os processos fitossanitários, essenciais para abrir portas às exportações.
“Não posso dizer quantos mercados irão abrir [este ano]. Quando há um procedimento, o calendário não é determinado por nós, mas pela outra parte”, disse, acrescentando que a autorização passa por visitas e vistorias às explorações. “É por isso que a via diplomática e do ponto de vista político [é importante] para que possam ser acelerados. É esse trabalho que estamos a fazer”, disse aos jornalistas, durante uma visita à Fruit Logisttica, feira em Berlim onde compradores e vendedores de frutas e legumes de todo o mundo fazem negócio.
As relações diplomáticas com o México estão, por estes dias, ensobradas com o revés nas concessões da Carris e da Metro de Lisboa, entregues por concurso à mexicana ADO, e que o Governo anulou. Mas Capoulas Santos acredita que as “excelentes relações que o México tem entre Portugal e a União Europeia não permitirão o uso de retaliações sobre matérias que nada têm a ver uma com a outra”. “É uma relação adulta e amistosa”, sublinhou.
Contudo, entre os produtores de fruta ouvidos pelo PÚBLICO há receios de que, no caso do México, os atrasos na abertura do mercado se possam acentuar e “prejudicar” as negociações em curso. Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, a organização de produtores e empresa que promove a internacionalização dos produtos nacionais (frutas, flores e legumes), sublinha que o México tem um potencial “muito importante, com 20 milhões de habitantes” e que “as autoridades mexicanas já estiveram em Portugal”, dando, para já, sinais positivos de abertura às importações de Portugal.
“A nível internacional o que nos preocupa é a abertura de novos mercados. A Europa está com o consumo estagnado, precisamos de olhar para as nossas frutas e diversificar. Só no caso da pêra-rocha, que produzimos 200 mil toneladas por ano, poderemos chegar às 350 a 400 mil toneladas com os novos projectos financiados pelo Proder”, disse, referindo-se ao anterior quadro comunitário de apoio. Com este aumento de produção são precisos novos mercados para vender.
Manuel Évora destaca a Colômbia como outro alvo das exportações nacionais de fruta. A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, tem já mais de 100 supermercados Ara naquele país e falta apenas o dossiê fitossanitário para abrir caminho à produção nacional. Outro país desejado pelos produtores é a China. “Os pomares estão instalados, a produção por hectare é cada vez maior e o ritmo de plantação e produção pode ser ainda maior. Temos de encontrar clientes e abordar mercados de forma conjunta”, defendeu.
O presidente da Portugal Fresh destaca como exemplo de cooperação entre empresas e produtores a venda para as lojas do Lild na Alemanha de pêra-rocha, framboesa, couve e batata. Este negócio permitiu tornar a Alemanha no quinto principal destino nas vendas internacionais deste sector, quando em 2014 era o décimo.
O PÚBLICO viajou a convite da Portugal Fresh