A esquerda é tramada
Olhem-nos bem... ficamos quase contentes quando o presidente da república sabe ler e escrever
Olhem-nos! Olhem-nos bem, desçam à nossa baixeza e infantilidade e lirismo, olhem-nos de frente e vejam lá se descobrem sombra de arrependimento, vergonha ou despeito?! Revejam lá os vossos cenhos carregados no reflexo dos nossos sorridentes dentes e pensem bem no que significará o nosso gozo à vossa importância.
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Olhem-nos! Olhem-nos bem, desçam à nossa baixeza e infantilidade e lirismo, olhem-nos de frente e vejam lá se descobrem sombra de arrependimento, vergonha ou despeito?! Revejam lá os vossos cenhos carregados no reflexo dos nossos sorridentes dentes e pensem bem no que significará o nosso gozo à vossa importância.
Vá lá, apertem-nos lá com os mercados e o Centeno e os olhinhos mortos (mas subitamente iluminados) do José Gomes Ferreira (ai que preocupado que ele está com a pátria!), elejam o Marcelo na esperança serôdia dum revanchismo às legislativas “que ganharam” (estão com uma sorte... LOL), acendam velinhas à Assunção à vontade que só o casalinho “Mariani” "ir ad patres" daqui a um mês nos vai alimentar a alegria pelo menos até ao Verão.
Snobes de merda! O Tony não pode ir à embaixada e o Tino é que é o tiririca (ao contrário do grunho psicólogo dos óculos sortidos, do doutor médico cuja contribuição para o debate foi o questionar do "curriculum" dum reitor ou da santinha da ladeira cheia de caruncho subvencionário)... pois bem, em bom português do povo português: Ide cagar à mata!
E nem vale a pena tentarem escarafunchar as nossas merdas internas... preocupem-se com o vosso que nós cá nos havemos de resolver: entre a Guerra Civil Espanhola e os marinheiros de Kronstadt e as camaradas das casas clandestinas e o 25 de Novembro e a suave misoginia do Jerónimo nós cá acertaremos contas em casa. Só pela vossa cabeça é que passa que o Olof Palme, o Thoreau, o Marx, a Louise Michel, o Malcolm X, o Che e o Voltaire não consigam parar de discutir (por um segundo) para vos mostrar o dedo do meio (no fundo, no fundo, nós sabemos com o quem é que estamos a lidar). A vossa cupidez e frieza não nos servem de exemplo.
Olhem-nos bem... ficamos quase contentes quando o presidente da república sabe ler e escrever, quando a xota não tem margem ministerial para moer a malta da Cova da Moura por dá cá aquela palha, sabemos que o PS e a maçonaria quando bem obrigados vão até ser de esquerda, somos inacreditavelmente resistentes (em todas as acepções da palavra), só metade é que nos levamos demasiado a sério (os menos giros) e parece que perdemos as batalhas todas sem que haja um jeitoso da ciência política que nos explique como é que acabamos a ganhar a guerra.
Olhem-nos bem: os nossos velhos marcham e os vossos trancam as portas, os nossos jovens luzem e os vossos cinzam enquanto amarinham por um poder mais percepcionado que real, nós dançamos e vocês rangem os dentes mesmo quando é suposto estarem a ganhar. Haverá algo de errado desse lado?! Ai disseram-vos que a História não interessava? Que não mudava nada?! Que já tinha acabado?!!
Ó coitadinhos... olhai à volta: a estrutura é a mobilidade da estrutura, ser conservador é como jogar contra a casa! Entropia e degenerescência são fantasia, o resto é birra vossa. O facto de nós sorrirmos e vocês se zangarem diz-vos alguma coisa?.. “Vencidos da vida”... alguém sabe quem foram os vencedores?! A fruta tem mais sabor, brilha a alma clara solta de sombras e véus, foge a dor espavorida, foi-se a fome, foi-se a guerra, o Homem canta na Terra... Olhem bem para nós, seguimos sorridentes, lindos, luminosos... de pé!