Quem ganhar em Iowa vai ganhar o quê?
Começam hoje as primárias para escolher os candidatos para as presidenciais de 8 de Novembro.
As votações hoje no Iowa, EUA, e na próxima semana em New Hampshire representam o arranque de um processo eleitoral cujo prólogo só termina a 14 de Junho. Até lá, os americanos vão escolher o candidato, dos democratas e dos republicanos, que está em melhor condições para disputar os votos até ao cair do pano no dia 8 de Novembro, quando todos serão chamados a escolher o sucessor de Barack Obama.
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As votações hoje no Iowa, EUA, e na próxima semana em New Hampshire representam o arranque de um processo eleitoral cujo prólogo só termina a 14 de Junho. Até lá, os americanos vão escolher o candidato, dos democratas e dos republicanos, que está em melhor condições para disputar os votos até ao cair do pano no dia 8 de Novembro, quando todos serão chamados a escolher o sucessor de Barack Obama.
O sistema das primárias americanas está longe de ser fácil de explicar e de entender, mas, como escrevia online um jornalista da CNN, “ninguém disse que a democracia deveria ser um sistema fácil”. E nos EUA não o é. Através de um sistema de primárias propriamente dito e que nos é mais familiar, ou através de um sistema de caucus, os eleitores e simpatizantes de cada lado votam para escolher delegados, cabendo a estes últimos ir às convenções dos dois partidos escolher o preferido. No caso dos democratas, ainda existem os chamados "superdelegados", que terão liberdade de voto em Filadélfia, que vai albergar a convenção democrata, e que representam aquilo a que em Portugal poderia chamar-se "os homens do aparelho".
No caso de Iowa, quer do lado dos republicanos, quer dos democratas, é usado o sistema de caucus, em que os eleitores são convocados para estar num determinado sítio (um pavilhão desportivo, uma biblioteca ou até em casa de uma determinada pessoa), a uma determinada hora, para votar, havendo nalguns sítios boletins impressos e noutros pedaços de papel que são rasgados na hora para expressar o voto. No caso dos democratas, o sistema é ainda mais complexo e pode demorar várias horas, já que os eleitores são convidados a formar grupos numa igreja ou num pavilhão, que depois se fazem e desfazem à medida que avança a votação que neste caso não é secreta.
A votação no Iowa está longe de ser decisiva, até porque a ponderação dos delegados (1% para os democratas e 2% para o republicanos) é residual para a contagem final. Mas sendo o primeiro estado onde se vota, e sendo alvo de uma atenção mediática desproporcional à sua importância aritmética, é neste estado que se começam a “descartar” os candidatos que “não contam” e a criar dinâmicas de vitória ou escorregadelas difíceis de recuperar. Como dizia Bernie Sanders ao Guardian: “Há qualquer coisa de simbólico em ganhar aqui [no Iowa].”
O senador de Vermont aparece nas sondagens no Iowa a tentar morder os calcanhares a Hillary Clinton, apostando tudo no voto jovem para tentar ultrapassar a rival democrata pela esquerda. Do outro lado temos um Donald Trump que enche teatros com espectadores a comer pipocas e que não parece embaraçar os republicanos com as suas tiradas racistas, xenófobas e sexistas. E que tem no encalço o também ultraconservador Ted Cruz, que reclama ser o herdeiro de Ronald Reagan, e um Marco Rubio e um Jeb Bush que procuram em Iowa aquilo que os americanos chamam "momentum" ou dinâmica de vitória. Em Iowa não se decide nada, mas começa a decidir-se tudo.