Siza na Bienal de Veneza “não será uma exposição nostálgica sobre o SAAL”

Os dois curadores da presença nacional na bienal italiana dizem que Siza “foi uma escolha natural”, e um contributo que Portugal pode dar aos vários fóruns de debate sobre a questão da habitação social.

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Nuno Grande (n. Luanda, 1966) e Roberto Cremascoli (n. Milão, 1968) são os curadores responsáveis pela representação portuguesa na próxima Bienal de Arquitectura de Veneza. Escolheram Álvaro Siza, que irá regressar ao projecto de habitação social que, na década de 80, desenhou para a ilha veneziana da Giudecca, e cuja construção ficou a meio. A instalação da exposição portuguesa — intitulada Vizinhança: onde Álvaro encontra Aldo — no estaleiro da obra, entre 28 de Maio e 27 de Novembro, vai coincidir com a decisão das autoridades locais de retomar e concluir a construção de um complexo habitacional que inclui também projectos de Aldo Rossi, Carlos Aymonino e Rafael Moneo. Os dois curadores vão levar Siza a reencontrar-se com os moradores, actuais e futuros, das casas da Giudecca. E simultaneamente também com os que actualmente habitam os edifícios que o arquitecto português concebeu para Berlim (Alemanha), Haia (Holanda) e o Bairro da Bouça, no Porto. É o seu regresso à habitação social, sem nostalgia e a olhar para o futuro.

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Nuno Grande (n. Luanda, 1966) e Roberto Cremascoli (n. Milão, 1968) são os curadores responsáveis pela representação portuguesa na próxima Bienal de Arquitectura de Veneza. Escolheram Álvaro Siza, que irá regressar ao projecto de habitação social que, na década de 80, desenhou para a ilha veneziana da Giudecca, e cuja construção ficou a meio. A instalação da exposição portuguesa — intitulada Vizinhança: onde Álvaro encontra Aldo — no estaleiro da obra, entre 28 de Maio e 27 de Novembro, vai coincidir com a decisão das autoridades locais de retomar e concluir a construção de um complexo habitacional que inclui também projectos de Aldo Rossi, Carlos Aymonino e Rafael Moneo. Os dois curadores vão levar Siza a reencontrar-se com os moradores, actuais e futuros, das casas da Giudecca. E simultaneamente também com os que actualmente habitam os edifícios que o arquitecto português concebeu para Berlim (Alemanha), Haia (Holanda) e o Bairro da Bouça, no Porto. É o seu regresso à habitação social, sem nostalgia e a olhar para o futuro.

Álvaro Siza pode parecer uma escolha fácil, óbvia….

Nuno Grande – Numa bienal cujo tema é a arquitectura social e o contributo dos arquitectos para a melhoria das condições de vida nas grandes cidades, ou seja, o compromisso social dos arquitectos, Siza é uma escolha natural, porque é um arquitecto que há mais de 40 anos anda a pensar, a escrever e a projectar com esse fim. Há uma certa tendência para pensar que a arquitectura social é um tema recente, só porque estamos a viver uma crise do capitalismo e das sociedades. Mas, na verdade, o compromisso social dos arquitectos está ligado à história da arquitectura desde sempre. Teve um epicentro importante nos anos 1960/70, à volta, não só das lutas urbanas na Europa e nos Estados Unidos, mas também, entre nós, por causa do 25 de Abril e com o processo SAAL. É perfeitamente natural que se queira voltar a essa história. É o contributo que Portugal pode dar para os vários fóruns de debate que estão a decorrer pelo mundo fora em torno disso.

Roberto Cremascoli – É importante referir que, antes de escolhermos Álvaro Siza, veio o lugar. E a nossa primeira ideia, depois de o [Alejandro] Aravena ter escolhido como tema da bienal Reporting from the front, foi logo a Giudecca, em Veneza. É um lugar onde poderíamos montar esta mise-en-scène, porque é um lugar cheio de histórias: já aí se tinham reunido vários arquitectos, de Siza a Rossi, com Aymonino e Moneo.

Quando é que receberam o convite?

NG – Foi no Verão passado. Disseram-nos: “Mas atenção, que nós não temos pavilhão; têm que conseguir encontrar uma resposta engenhosa…”. Sabíamos que, até agora, praticamente todas as bienais localizam-se em palácios alugados, e muitas vezes com preços quase proibitivos, que quase esgotam o orçamento das exposições. Dissemos: “Há um edifício de um arquitecto português em Veneza, que é pouco conhecido e que poderia ser um óptimo lugar para a exposição. E não está acabado, portanto, pode-se falar sobre isso, sobre esse processo lento dos lugares, das pessoas, e sobre o conceito de vizinhança, que também nos interessa desenvolver”. Portanto, a Giudecca e o nome de Siza surgiram naturalmente.

Não vos surpreendeu que Siza, na actual fase da sua carreira, tenha aceitado voltar a Veneza e à Bienal, dispondo-se assim a regressar também à arquitectura social, mesmo se é algo que nunca abandonou? Foi fácil convencê-lo a aceitar o desafio?

RC – Não foi preciso um grande esforço. Em primeiro lugar, ficou entusiasmado com a ideia de regressar aos sítios, não só a Veneza mas também a outras cidades – Berlim, Haia, e aqui à Bouça –, para voltar a falar com as pessoas com quem tinha contactado nos anos 80. E ver como os lugares cresceram em conjunto com as pessoas que aí vivem. Em relação a Veneza, ficou entusiasmado desde o princípio, porque, quando começaram as negociações com o ATER [Empresa Territorial de Habitação, equivalente ao português IHRU - Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], para ver se era possível instalar o Pavilhão de Portugal dentro de uma obra parada do Siza, logo a instituição aproveitou a ideia para relançar um concurso de empreitada para poder acabar o edifício.

NG – Siza está agora a reformular também a praça do Campo de Marte [na Giudecca] em função das aspirações actuais da população. Por que é que ele se dispõe a ir aos lugares? Não querendo parecer demasiado nacionalista, acho que poucos arquitectos [que venceram o prémio] Pritzker no mundo se dispõem a voltar aos lugares e falar com os seus clientes, ao nível da habitação social – se é que há muitos Pritzker que fizeram habitação social… Isso mostra, mais uma vez, que temos um arquitecto em Portugal que se distingue claramente do mainstream arquitectónico mundial.

Foram convidados pelo anterior Governo [liderado por Passos Coelho], e viram agora essa escolha ser mantida pelo actual. Chegaram a recear que isso pudesse não acontecer?

NG – Foi um período um pouco conturbado. Nós fomos convidados pelo anterior governo, depois as eleições deram lugar a um governo provisório, e a seguir a um novo. Houve uma mudança de pasta na SEC [Secretaria de Estado da Cultura], e depois o regresso do ministério [da Cultura]. Mas a DGArtes – que foi sempre o elemento de continuidade, na figura do Carlos Moura-Carvalho – apostou muito nesta ideia, e continua bastante entusiasmada com ela. O que fomos sabendo é que todos os responsáveis gostaram sempre muito da ideia, porque viram aqui também a oportunidade de voltar a dar importância ao trabalho de Álvaro Siza, depois de toda a polémica sobre a saída dos arquivos dele de Portugal. Era uma forma de mostrar que os arquivos continuam disponíveis para se fazerem exposições onde se quiser, porque o CCA [Centro Canadiano de Arquitectura], que vai ser nosso parceiro nesta aventura, foi dos primeiros entusiastas da ideia. Além disso, os sucessivos governos perceberam também que a presença de Siza se cruzava perfeitamente com a perspectiva de Aravena – que, aliás, também achou a ideia interessante.

A Bienal vai ser uma oportunidade para o encontro do comissário chileno com Siza, que em diferentes épocas, e de modos diversos, têm trabalhado a questão da habitação social.

RC – No final do mês em Agosto, Aravena recebeu em Veneza as entidades dos países. E quando lhe foi apresentada a ideia do Siza, ele achou muito interessante. Tanto que quis convidá-lo a fazer algo no [seu] pavilhão do comissário geral. Mas o Siza, como já estava envolvido no projecto da Giudecca, achou que era melhor continuar só aí. E Aravena percebeu isso.

NG – Aí está outra prova de que, para Siza, não interessa estar no pavilhão central dos giardinni de Veneza. Ele não precisa disso, prefere estar no sítio onde as pessoas poderão valorizar a sua obra.

Em que é que vai consistir a exposição portuguesa na bienal?

NG – Esta exposição “okupa” um edifício, remete-nos um bocadinho para essa estética squatting. E ocupando um edifício que está em construção – tem apenas a estrutura em betão, as paredes em tijolo e as caixas dos elevadores –, temos limitações do ponto de vista do ambiente expositivo. Não teremos certamente a temperatura nem o grau de humidade suficientes para colocar originais dentro do espaço.

RC – A exposição é também a obra…

NG – Claro. E nós, ao ocupar a obra, quisemos também revelar o que vai ser aquele espaço, qual é a sua dimensão, embora ele não esteja ainda subdividido. E quisemos também que os visitantes, tal como os vizinhos, fossem os primeiros a habitar aquele espaço.

Trata-se de algum modo da recuperação do espírito SAAL, mesmo salvaguardada a distância temporal e geográfica?

NG – Na relação com as pessoas, e com os vizinhos, sim. Mas atenção que não há aqui nenhuma nostalgia. Nós acreditamos que, muitas vezes, em arquitectura, os processos podem ser mais interessantes do que as obras acabadas. Vamos fazer um primeiro contacto com os vizinhos, explicar-lhes o projecto, e, simultaneamente, os responsáveis locais vão dizer-lhes que a obra vai ser acabada. Esta é que é a boa notícia que lhes vamos dar.

Por que é que associaram a Bouça, Berlim e Haia ao projecto de Veneza?

NG – É também para mostrar que Siza tem uma dimensão transnacional, multigeográfica e multicultural. Em todos estes bairros, trabalhou sempre com populações diferentes, quase sempre imigrantes. E isto cruza-se com o tema, muito actual, de como nos podemos ligar com o outro, sendo o outro alguém que não faz parte da nossa cultura, ou pelo menos da cultura europeia. E como é que nós podemos desenhar na Europa, a partir de modelos arquitectónicos europeus, uma cidade que absorva as diferenças culturais e religiosas. E Siza, por exemplo, em Haia, trabalhou para comunidades muçulmanas, e teve que estar muito atento, por exemplo, ao papel da mulher – ou à ausência dele – nessa sociedade. Por exemplo, a separação entre o lado íntimo e o lado social da casa, onde, na verdade, as famílias estabelecem regras muito precisas, conforme as suas culturas. E que muitas vezes, na habitação social – porque é uma habitação abstracta, feita para qualquer tipo de utente –, essas coisas não são tidas em conta. Em todos estes lugares, Siza falou e ouviu as pessoas, chegou mesmo a construir os espaços à escala 1x1, com blocos de esferovite, para que elas percebessem qual era a dimensão da sala. Vamos mostrar fotografias dele a fazer isso em Haia. Vamos mostrar, na Giudecca, que Siza só está a cumprir mais uma etapa de um longo processo. É importante lembrar isto: embora pareça estar agora na moda, a arquitectura social não é um tema novo na arquitectura portuguesa…

É algo que já vem, por exemplo, do Nuno Teotónio Pereira, recentemente desaparecido.

NG – Claro. Agora que estamos todos sensibilizados pela sua morte, é bom lembrar que Siza tem oportunidade de trabalhar este tema porque existiu toda uma experiência anterior liderada por Nuno Teotónio Pereira, que depois incutiu em Nuno Portas a vontade de trabalhar em torno da arquitectura e da habitação social, que depois se reflecte no programa que este lança a seguir ao 25 de Abril [de 1974]. Há uma cadeia geracional que está impregnada em toda a arquitectura portuguesa, e de que Siza é talvez o lado mais visível, em termos internacionais.

RC – Estamos a escrever os textos, e é curioso notar que, em Portugal, esse trabalho começou em 1974, depois foi interrompido, até aos anos 80. E entre 1980-87 temos os quatro bairros projectados por Siza, quase como a história dos Beatles, que entre 1963-70 mudam por completo a história da música pop com quatro ou cinco álbuns fundamentais feitos nesses anos.

NG – É uma boa imagem, de facto: numa década, Siza muda completamente a história da arquitectura social. Até então, a habitação social era vista como algo em que o arquitecto se devia demitir como autor. Era mais um dos agentes promovendo a autoconstrução, sendo “a mão do povo”, ou seja, desenhando o que o povo queria. É o mito da época. E Siza vem mostrar, nestes quatro bairros, que o arquitecto pode ser muito mais do que “a mão do povo”. Pode ser o filtro, o intérprete da vontade do povo, mas não abdicando de ser arquitecto, nem de ir buscar modelos à cidade histórica. E é aqui que a influência do Aldo Rossi é decisiva. Ele publica em 1966 – faz agora 50 anos –, um livro fundamental, A Arquitectura na Cidade, onde estabelece arquétipos de intervenção na cidade que Siza irá, de alguma maneira, interpretar muito pessoalmente, na sua arquitectura, em diversas obras. Enquanto Rossi reduz a complexidade da cidade europeia a cinco ou seis arquétipos, que depois repete incessantemente na sua obra, Siza pega nesses arquétipos e multiplica-os em diferentes linguagens e formas, personalizando-os sempre. Há aqui algo que os aproxima, e algo que os distancia. Mas estão os dois muito interessados em continuar a cidade europeia. E nós, também um pouco por estarmos aqui na Escola de Veneza – eu sou português e o Roberto é italiano –, vamos celebrar esta afinidade entre a arquitectura portuguesa e a arquitectura italiana. Tem a ver com o eixo meridional de ver a arquitectura, que é um bocadinho diferente do Norte da Europa. É também por isso que o subtítulo da exposição é Onde Álvaro encontra Aldo. E estes Álvaro e Aldo podem ser dois vizinhos no bairro…

Como é que os italianos olham para a figura e a obra de Álvaro Siza?

RC – Quando chega a Itália, Siza é considerado mesmo um grande mestre, um grande exemplo. Nas faculdades, os professores citam-no como um exemplo a estudar e acompanhar.

Voltando aos lugares que vão estar representados no Pavilhão de Portugal, há uma coincidência curiosa na história, e no desenvolvimento das obras de Siza aqui na Bouça e na Giudecca: ambas foram interrompidas e posteriormente retomadas. Siza diferencia, no entanto, os dois casos, dizendo que a Bouça foi parada por decisão política, enquanto a Giudecca foi porque o empreiteiro faliu…

NG – De qualquer maneira, houve uma dimensão política nas duas obras. Porque, depois de falir o empreiteiro em Veneza, podia-se ter relançado o concurso, e ele arrastou-se muito tempo na decisão. A nossa exposição vai tocar necessariamente as questões políticas. Por que é que que as cidades param; por que é que se retomam os projectos; por que é que as cidades crescem de uma certa maneira; por que é que se guetizam as pessoas; por que é que hoje se estão a gentrificar?... Por que é que, na Bouça, estamos hoje a viver um processo de impacto entre diferentes gerações e classes sociais. Mas isto não é uma exposição nostálgica sobre o SAAL, ou sobre o Siza heróico, arquitecto da participação. É uma exposição sobre temas de hoje: a gentrificação, a turistificação das cidades, a questão da imigração, da participação e da vizinhança…

Os tempos, de facto, não estão bons para a vizinhança...

NG – Por isso quisemos pôr o dedo na ferida, indo ao encontro do tema de Aravena, Reporting from the front, que nos remete para a ideia do arquitecto como um lutador, alguém que está no campo da batalha a relatar a sua experiência. E não há homem que tenha batalhado mais pela arquitectura do que Álvaro Siza. Por isso, o tema da vizinhança é importante. Porque a nossa relação com o outro, com o vizinho, tem evoluído de forma negativa. Nós estamos a viver em sociedades cada vez mais individualistas, em que ser vizinho de alguém não é uma virtude, é um problema. Sobretudo se esse vizinho não é da mesma classe social que a minha, ou não é do mesmo país que eu, ou não é da mesa cor…

A escolha de Alejandro Aravena para comissariar a Bienal de Veneza, associada agora à sua distinção com o Pritzker, significará que, no contexto mundial, o olhar sobre a arquitectura está a mudar? Que o tempo dos archi-stars já passou?

NG – Naturalmente que a arquitectura do estrelato, a arquitectura ícone, a arquitectura do espectáculo criou um cansaço. Embora os archi-stars continuem a construir na China e no Médio Oriente. Há sempre novas Mecas para a arquitectura. Mas, na Europa e nos Estados Unidos, há uma reacção geracional contra os archi-stars, sobretudo por parte dos jovens arquitectos que não têm trabalho. E há uma tendência de entrar num discurso maniqueísta, que é sempre perigoso: de um lado, a arquitectura ícone, de outro, a arquitectura social. A história da arquitectura sempre foi feita de grandes obras, obras-primas e de obras de diálogo, de relação. Ultimamente temos assistido muito a este discurso radicalizado, de que é preciso fugir da arquitectura para novas práticas espaciais, que se usam muito hoje: instalações no espaço público, performance, a “favela chic”… Intervir na favela e deixar-se fotografar ao lado dos favelados. Há muito esta tendência actual, sobretudo nas novas gerações, de se achar que indo ao encontro da estética da favela estamos a fazer um discurso anti-star. Isso é um caminhar no sentido da estética, e muito poucas vezes da ética.

RC – Também estou curioso, porque imagino que esta vai ser uma bienal de muita retórica e de muita demagogia. Não só porque calhou com a atribuição do Pritzker a Aravena, mas também porque já se andava a dizer que teremos muitos projectos “favela chic”, que é ter instalações muito dramáticas e fotogénicas, mas que não entram dentro do assunto.

Além do acabamento do edifício de Siza, o que é que vai ficar, também, a registar a exposição portuguesa para o futuro?<_o3a_p>

RC – Vão ficar documentos que serão inéditos: vamos gravar Álvaro Siza nos seus encontros com as populações. Serão quatro documentários filmados nas quatro cidades.

NG – E depois haverá também um catálogo, que queremos que documente todas as fases: as viagens, as passagens de Siza pelos lugares, a reacção das pessoas, a inauguração, que vamos fazer na Giudecca com uma grande festa típica italiana na rua. Estes quatro filmes, vamos fazê-los com uma equipa da SIC, liderada pela jornalista Cândida Pinto, que vai filmar os quatro lugares e depois transformar isso num programa global.

O Nuno está a organizar uma exposição sobre os últimos 50 anos da arquitectura portuguesa para a Gulbenkian de Paris, na Cidade da Arquitectura e do Património; e o Roberto, uma exposição de Siza no MAXXI [Museu Nacional da Arte do Século XXI] de Roma. Isto vai fazer com que a arquitectura portuguesa, e a obra de Siza em particular, esteja em foco este ano.

NG – É verdade, e é perfeitamente justo, e tardio. Já deveria ter acontecido há mais tempo. 2016 vai ser um ano mágico para a arquitectura portuguesa. Vai haver Veneza, a Trienal de Lisboa, a Trienal de Milão e algumas exposições pequenas, que irão acontecer na Gulbenkian, em Lisboa. E provavelmente também a abertura da Casa da Arquitectura [em Matosinhos]. Não sabemos se estará pronta este ano. Finalmente vamos ter um panorama, neste país, em que as cidades percebem a importância da arquitectura portuguesa, que é um activo único, tal como o cinema, admirado em todo o mundo.

O que vai ser a exposição de Álvaro Siza em Roma?

RC – Vai ser no MAXXI, e tem como título Álvaro Siza, sacro. Será uma instalação no museu da Zaha Hadid, um diálogo curioso. Siza vai querer mesmo dialogar com o edifício, e os conteúdos serão os seus projectos para obras de teor religioso. Mas não será só o sagrado, entra também o profano. O comissário será o Achille Bonito Oliva.