Terapia: a RTP está de parabéns pela nova série

Parabéns ao Nuno Lopes, que é o melhor actor português da sua geração, um camaleão, um faz-tudo

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Be’Tipul é o nome de uma série televisiva israelita, estreada em 2005, criada por Hagai Levi. É a história de um psicoterapeuta e de quatro dos seus pacientes. Em cada episódio, o espectador assiste à sessão entre o terapeuta e um paciente, como se estivéssemos mesmo a observar uma sessão real de terapia. Cada dia da semana corresponde a um paciente (um à segunda, outro à terça, etc., até que, à sexta, é a vez do próprio terapeuta ir fazer terapia com a sua antiga mentora), repetindo-se este processo durante as semanas em que dura a série.

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Be’Tipul é o nome de uma série televisiva israelita, estreada em 2005, criada por Hagai Levi. É a história de um psicoterapeuta e de quatro dos seus pacientes. Em cada episódio, o espectador assiste à sessão entre o terapeuta e um paciente, como se estivéssemos mesmo a observar uma sessão real de terapia. Cada dia da semana corresponde a um paciente (um à segunda, outro à terça, etc., até que, à sexta, é a vez do próprio terapeuta ir fazer terapia com a sua antiga mentora), repetindo-se este processo durante as semanas em que dura a série.

Cada episódio é, basicamente, duas pessoas sentadas num processo de psicoterapia. Podia ser chato, sem interesse, mas o que o seu criador conseguiu fazer foi genial: não se perdendo pitada de realismo, conseguiu criar o drama necessário para que a série ficasse cativante e inteligente.

Em 2008, foi feita uma adaptação norte-americana, para a HBO, mantendo-se Hagai Levi como produtor executivo e realizador de alguns episódios. A primeira vez que tive contacto com esta série foi quando essa versão americana passou em Portugal, na SIC (sim, não sei falar hebraico, não foi através da versão original…). Foi por acaso que vi a série, que passava em horário bastante nocturno, não sabendo eu sequer que existia, nem que ia passar na televisão. Tive a sorte de ver o primeiro episódio (da primeira temporada) e foi amor à primeira vista.

Por impulso, não conseguindo esperar, fui à internet (ai a internet…) ver todos os episódios da primeira temporada de enfiada. Com se fosse um livro que não se consegue parar de ler. Vi a primeira temporada toda seguida. Depois, vi a segunda e terceira temporadas. E o vício só acabou porque a série terminou e já não tinha mais episódios para ver. A não ser rever uns quantos (o que fiz…).

Quando soube que iam fazer uma adaptação portuguesa da série fiquei contente, mas curioso para saber se iam conseguir estar à altura da empreitada. Ainda estando a série no seu início, é já possível fazer estes comentários (do ponto de vista de um apaixonado pela série, na sua versão americana):

1. Parabéns à direcção da RTP (acho que não me engano se disser que o Nuno Artur Silva deve estar por detrás desta aposta) por adaptar uma série tão boa, o que não deve ter ficado barato, mas que cumpre a função de serviço público: promover a ficção nacional de qualidade, mesmo que seja com adaptações deste género.

2. Parabéns ao Nuno Lopes, que é o melhor actor português da sua geração, um camaleão, um faz-tudo (cinema, teatro, televisão, comédia, drama, de bonzinho, de mauzão…), como há poucos no panorama mundial, que faz um Alex que não deve nada ao da versão americana.

3. Parabéns ao Virgílio Castelo e à Ana Zanatti, que estão muito bem nas suas personagens.

4. Parabéns à Maria João Pinho (uma actriz ainda não tão conhecida como outros nomes desta série) que faz magnificamente a sua personagem: timing, expressividade do olhar, voz excelente e total controlo das emoções.

5. Saudar o desempenho da Catarina Rebelo, que tem uma personagem muito difícil e consegue cumprir (mas não se pode comparar ao talento da Mia Wasikowska da versão americana).

6. Lamentar a escolha do Filipe Duarte para o papel de Jorge. Filipe Duarte é um grande actor, mas não é uma escolha feliz para esta personagem (falhou o casting).

7. Laura, Laura, Laura… Soraia Chaves não pode ser a Laura. A Laura é uma mulher bonita, mas comum (não uma modelo). Tem uma sensualidade fortíssima dada pelo seu olhar, pelos seus gestos, pela maneira de falar. Soraia Chaves não é uma actriz genial (e esta série exige muito dos actores), e o seu corpo (demasiado alto e magro), a sua voz e as suas expressões não conseguem ser a Laura (vejam as Lauras americana (Melissa George) e israelita (Ayelet Zurer) e entender-me-ão melhor). Será que a Dalila Carmo não estava disponível? A própria Maria João Pinho seria uma melhor Laura.

8. Acho que a produção devia ter optado por espaços e décors mais do tipo da versão israelita e não a cópia da versão americana, pois estaria mais de acordo com a realidade portuguesa.

Enfim, fico muito contente que tenham feito a adaptação desta série (seguindo o que já muitos países fizeram), muito satisfeito pelo brilhante desempenho de alguns dos actores, e desejoso que a RTP continue a cumprir a sua função, fornecendo mais serviço público deste género.