Vai longe, e infelizmente esquecida, a imagem da criança morta numa praia da Turquia, que por breves semanas abalou as consciências do mundo. Depois das infames decisões da Dinamarca quanto aos refugiados, chegou agora a vez da Suécia. Onde a primeira decretou um inimaginável confisco de bens a quem já perdeu ou sofreu tanto, instituiu a segunda um programa de deportações para lidar com as vagas de refugiados que lhe entram pelas fronteiras. E quer fazê-lo com aviões especiais e com a máxima eficácia, não se imaginando como concretizará tal façanha: irá despejá-los algures no norte de África, virando depois costas ao seu destino? Irá “devolvê-los” aos países de onde fugiram, ainda dilacerados por guerras a que ninguém parece ser capaz de pôr cobro? Certo é que, às antigas boas-vindas, se sobrepôs o fantasma das expulsões em massa. Chegam aos milhares, serão expulsos aos milhares. Aliás, sem qualquer política decente neste domínio, a Europa está a deixar-se submergir por medos, xenofobias, pesadelos de outras eras que se misturam a um drama bem real: o das pessoas que arriscam a vida por uma miragem de humanidade e se vêem rejeitadas como farrapos sem direito a um futuro. O jogo do empurra que a Europa ensaiou, na sua incapacidade de lidar com o assunto de forma digna, faz dos refugiados “brinquedos” descartáveis e faz rodar as culpas entre países. Seja a Grécia (já ameaçada de expulsão do espaço Schengen), a Turquia, ou qualquer um que se mostre compreensivo no abrir das fronteiras que vão regressando e tornando a Europa irreconhecível. Se a Hungria, a Eslováquia e a Polónia já haviam fechado as portas aos refugiados, agora as recusas vêm dos antes benevolentes e solidários países nórdicos. É uma forma, perigosa para os dois lados, de lidar com este drama. Os refugiados correm perigo de vida. A Europa, na sua essência, também.

Vai longe, e infelizmente esquecida, a imagem da criança morta numa praia da Turquia, que por breves semanas abalou as consciências do mundo. Depois das infames decisões da Dinamarca quanto aos refugiados, chegou agora a vez da Suécia. Onde a primeira decretou um inimaginável confisco de bens a quem já perdeu ou sofreu tanto, instituiu a segunda um programa de deportações para lidar com as vagas de refugiados que lhe entram pelas fronteiras. E quer fazê-lo com aviões especiais e com a máxima eficácia, não se imaginando como concretizará tal façanha: irá despejá-los algures no norte de África, virando depois costas ao seu destino? Irá “devolvê-los” aos países de onde fugiram, ainda dilacerados por guerras a que ninguém parece ser capaz de pôr cobro? Certo é que, às antigas boas-vindas, se sobrepôs o fantasma das expulsões em massa. Chegam aos milhares, serão expulsos aos milhares. Aliás, sem qualquer política decente neste domínio, a Europa está a deixar-se submergir por medos, xenofobias, pesadelos de outras eras que se misturam a um drama bem real: o das pessoas que arriscam a vida por uma miragem de humanidade e se vêem rejeitadas como farrapos sem direito a um futuro. O jogo do empurra que a Europa ensaiou, na sua incapacidade de lidar com o assunto de forma digna, faz dos refugiados “brinquedos” descartáveis e faz rodar as culpas entre países. Seja a Grécia (já ameaçada de expulsão do espaço Schengen), a Turquia, ou qualquer um que se mostre compreensivo no abrir das fronteiras que vão regressando e tornando a Europa irreconhecível. Se a Hungria, a Eslováquia e a Polónia já haviam fechado as portas aos refugiados, agora as recusas vêm dos antes benevolentes e solidários países nórdicos. É uma forma, perigosa para os dois lados, de lidar com este drama. Os refugiados correm perigo de vida. A Europa, na sua essência, também.