Assunção quer fazer crescer CDS mas sem atacar PSD

Candidata à liderança do partido vai percorrer todas as distritais na campanha interna.

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Assunção Cristas Guilherme Marques

A candidata à presidência do CDS-PP, Assunção Cristas, está a fazer uma volta por todas as distritais (incluindo as ilhas) para preparar a moção ao congresso onde se propõe fazer o partido “crescer” sem uma excessiva “marca ideológica”. Uma conquista de espaço que a deputada garante não será feita “contra o PSD”.  

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A candidata à presidência do CDS-PP, Assunção Cristas, está a fazer uma volta por todas as distritais (incluindo as ilhas) para preparar a moção ao congresso onde se propõe fazer o partido “crescer” sem uma excessiva “marca ideológica”. Uma conquista de espaço que a deputada garante não será feita “contra o PSD”.  

A ex-ministra da Agricultura do governo PSD/CDS defende que o fim do voto útil pode ser uma oportunidade para a sua área política. “Acho que temos que crescer. O espaço centro-direita tem de crescer para ser alternativa de governo. Só voltaremos a ser governo com maioria absoluta. Ou pelo menos não podemos partir de um pressuposto diferente”, disse ao PÚBLICO a candidata a líder, numa altura em que começa a campanha interna para a sua eleição no congresso, a 12 e 13 de Março.

O posicionamento do partido será o de afirmação e não de hostilidade ao antigo parceiro. “Não é contra o PSD. Temos que dizer ‘o nosso caminho é este’. E um dia haveremos de saber encontrar os nossos caminhos. A minha preocupação não é fazer ataques ao PSD”, garante.

A candidata – a única que avançou até agora - partilha da ideia de “olhar em frente” transmitida pela mensagem de apoio do antigo dirigente António Lobo Xavier. O ex-líder parlamentar, num artigo para o jornal oficial do partido, escreve que, “como profissional brilhante e de sucesso, como ministra com obra respeitada, Assunção Cristas é o melhor símbolo dessa renovação de quadros que Paulo Portas foi pacientemente operando nos últimos anos”.

Intitulado precisamente “olhar em frente”, o artigo faz considerações sobre a saída de Paulo Portas: “Pela primeira vez na sua história, o CDS vai perder um presidente indubitavelmente querido pelos seus militantes e simpatizantes, que não sentiu qualquer desencanto pela vida partidária nem tão-pouco é responsável por qualquer desaire eleitoral”. Para Lobo Xavier o ainda líder “percebeu rapidamente que esta legislatura de desfecho imprevisível, que se anuncia politicamente complexa para a direita, precisa de um partido renovado e revigorado” e que “ele próprio quis dar um sinal pessoal e forte”.

No posicionamento futuro do partido, Assunção não parece ter uma preocupação com a ideologia. “Não sou excessivamente ideológica. Nunca fui. Identifico-me com a matriz democrática-cristã e depois concentro-me nos problemas das pessoas”, respondeu.

A candidata vai percorrer todas as distritais em sessões de esclarecimento que vão incluir a Madeira e os Açores, numa volta que só termina a 13 de Fevereiro. Estão ainda previstas reuniões com parceiros sociais e visitas a algumas instituições. Só depois, com os contributos que recebeu, é que irá escrever a moção. “Serei eu própria a escrever e deverá ser curta”, disse. O texto será votado no sábado dia 13 e a eleição do líder (e proposta para os órgãos) é realizada no dia seguinte.

Outras moções estão em preparação para serem apresentadas e votadas em congresso. Uma das moções é promovida por Raul Almeida, Filipe Lobo d´Ávila e Altino Bessa, outra está a ser escrita por João Almeida, Adolfo Mesquita Nunes e Ana Rita Bessa.

A distrital de Lisboa, presidida por Telmo Correia, também terá um texto de estratégias global. Nenhuma destas moções apresentará um candidato. Por seu turno, a corrente interna do CDS Direita Social, de Ismael Pimentel, anunciou que avançará com um candidato a líder (e uma moção associada), embora o nome não seja ainda conhecido.