Número de Erasmus nacionais diminuiu pela primeira vez
Descida em 2013/14 coloca total de saídas abaixo das 7000. Estrangeiros que procuram instituições nacionais continuam a aumentar.
O número de portugueses a estudar no estrangeiro ao abrigo do programa Erasmus sofreu uma diminuição, revela um relatório divulgado esta terça-feira pela Comissão Europeia. A quebra verificada no ano lectivo 2013/14, o último para o qual existem dados, é ligeira, totalizando menos 84 saídas do que no ano anterior. No entanto, esta é a primeira vez que sucede em Portugal, desde a criação da estratégia de mobilidade europeia no ensino superior. Já os estudantes estrangeiros que procuram as instituições nacionais continuam a aumentar.
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O número de portugueses a estudar no estrangeiro ao abrigo do programa Erasmus sofreu uma diminuição, revela um relatório divulgado esta terça-feira pela Comissão Europeia. A quebra verificada no ano lectivo 2013/14, o último para o qual existem dados, é ligeira, totalizando menos 84 saídas do que no ano anterior. No entanto, esta é a primeira vez que sucede em Portugal, desde a criação da estratégia de mobilidade europeia no ensino superior. Já os estudantes estrangeiros que procuram as instituições nacionais continuam a aumentar.
Ao todo, no ano lectivo 2013/14, houve 6957 estudantes do ensino superior nacionais a ingressar em instituições congéneres na Europa no âmbito deste programa de mobilidade. Portugal está envolvido no Erasmus desde a sua criação, em 1987, altura em que 25 alunos portugueses foram estudar para fora do país. Os números não tinham parado de aumentar, desde então, atingindo as 7041 saídas no ano lectivo 2012/13, verificando-se agora uma inversão desta tendência.
A vice-reitora para as relações internacionais da Universidade do Porto, Maria de Fátima Marino, não tem dúvidas em associar esta diminuição no número de estudantes portugueses integrados no Erasmus e a crise económica no país. As bolsas pagas pela Comissão Europeia – que tiveram, em 2013/14, um valor médio de 274 euros mensais – “não suportam todas as despesas inerentes a um período de estudos fora do país”, defende aquela responsável.
Essa circunstância acaba por criar uma “diferenciação” entre os estudantes que pertencem a famílias que podem suportar esses custos e aqueles que vêm de agregados familiares sem a mesma capacidade. Merino salienta, por isso, o “esforço” que tem sido feito pela Agência Nacional do Programa Erasmus + no sentido de reforçar a bolsa de mobilidade para estudantes que recebem também bolsas de acção social no ensino superior, como forma de compensar esta dificuldade.
A nível global, o Erasmus manteve a tendência de crescimento contínuo ao longo dos últimos 28 anos, aumentando 2% face ao ano anterior, para um total de 272.497 alunos envolvidos em 2013/14. Portugal não é, porém, caso único de diminuição do número de estudantes enviados para mobilidade, fazendo parte de um grupo de dez dos 33 países envolvidos neste programa onde houve uma quebra da procura, juntamente com Espanha, Polónia, Suécia e Noruega, por exemplo.
Apesar da quebra no número de saídas, os estudantes nacionais continuam a estar no 12º lugar da lista dos que mais procuram o programa de mobilidade. Os principais países de origem dos alunos são Espanha (37.235 alunos), França (36.759) e Alemanha (36.257).
Ao contrário do que acontece com as saídas de estudantes portugueses para o resto da Europa, os números oficiais mostram que continua a crescer o interesse dos estrangeiros por Portugal. Em 2013/14, as instituições de ensino superior nacionais receberam 10.430 alunos de outros países europeus, o que representa um crescimento de 560 entradas face ao ano anterior.
Apesar das diferenças de comportamento entre os estudantes que saem e os que entram do país ao abrigo do programa Erasmus, os principais países de origem e destino são praticamente coincidentes. Espanha, Itália e Polónia são os três países que mais estudantes enviam para Portugal e também os que mais recebem alunos nacionais. França e República Checa são os outros dois destinos favoritos dos portugueses, ao passo que Alemanha e Turquia estão no “top” dos mercados emissores.
Estes dados acompanham um relatório da Comissão Europeia sobre o primeiro ano de execução do programa Erasmus+, o novo programa da União Europeia para a educação e formação, lançado em 2014. Globalmente, Bruxelas destinou 14,7 mil milhões de euros para a iniciativa (mais 40% face ao anterior quadro comunitário). A intenção deste novo programa é unificar as várias iniciativas europeias neste sector, absorvendo desde logo o Erasmus, mas também o programa Aprendizagem ao Longo da Vida, o Leonardo da Vinci (ensino profissional) ou o Comenius (ensino básico e secundário), pelo que há agora diferentes possibilidades de atribuição da verba disponível, que os países podem gerir como entenderem.
No primeiro ano de funcionamento, a União Europeia concedeu 650 mil bolsas de mobilidade no âmbito deste programa, fruto de um investimento que totalizou 2 mil milhões de euros. Em Portugal, 14.776 pessoas foram apoiadas no âmbito dos diversos programas, saindo do país em iniciativas de educação, formação profissional ou voluntariado. Ao todo, foram investidos no país, no âmbito do Erasmus+, 26,91 milhões de euros, em 2014. Desta verba, a maior fatia destina-se ao Erasmus tradicional, no ensino superior, para onde foram canalizados 14,8 milhões de euros. Há ainda 8 milhões de euros destinados a projectos de cooperação, que envolveram 39 parcerias e 229 organizações.