Assis mantém divergências ideológicas com Costa, mas afasta, para já, combate com o líder

Eurodeputado e ex-líder da bancada socialista diz que ainda não delineou nenhuma estratégia para o congresso e alerta para o “discurso perigoso” do Bloco.

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Assis critica duramente o Bloco de Esquerda NFACTOS/Fernando Veludo

O eurodeputado Francisco Assis diz que é tempo de encerrar o capítulo das eleições presidenciais - que “não correu bem ao PS” – e seguir com atenção o partido com o qual mantem uma “divergência programática e ideológica". O ex-líder da bancada parlamentar socialista discorda desde a primeira hora da solução encontrada pelo primeiro-ministro, António Costa, de fazer um acordo com as esquerdas para poder formar Governo e mantém essa divergência. Mas isso – sublinha – não significa que vá protagonizar já uma tendência interna dentro do partido.

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O eurodeputado Francisco Assis diz que é tempo de encerrar o capítulo das eleições presidenciais - que “não correu bem ao PS” – e seguir com atenção o partido com o qual mantem uma “divergência programática e ideológica". O ex-líder da bancada parlamentar socialista discorda desde a primeira hora da solução encontrada pelo primeiro-ministro, António Costa, de fazer um acordo com as esquerdas para poder formar Governo e mantém essa divergência. Mas isso – sublinha – não significa que vá protagonizar já uma tendência interna dentro do partido.

Em declarações ontem ao PÚBLICO, Francisco Assis, que se está a restabelecer de uma cirurgia, reafirma a sua oposição ao caminho seguido pelo secretário-geral do PS, mas afirma que não está a preparar qualquer documento programático para levar ao congresso do partido, marcado para o primeiro fim-de-semana de Junho.

“Não delineei nenhuma estratégia e nem tenho nenhuma perspectiva do que vou fazer em relação ao congresso”, afirmou, insistindo: “Não tenho nenhum movimento [de oposição interna], mas isso não significa que não tenha a minha posição sobre as coisas e não deixarei de exprimir as minhas opiniões”. Revela que a ida ao congresso “não entrou” nas suas reflexões” e que “nada está definido sobre isso”.

No rescaldo das eleições presidenciais, Francisco Assis lamenta os 4,2% que Maria de Belém obteve e defende-a, dizendo que ela “vale mais do que isso”. E aproveita para criticar o PS por ter “aparecido em massa ao lado de Sampaio da Nóvoa - o que acabou por favoreceu Marcelo Rebelo de Sousa”.

Assis declara-se “solidário” com a ex-presidente do PS] e afirma que “foi vítima de um conjunto de circunstâncias que aconteceram na campanha e que tiveram um efeito catastrófico no resultado eleitoral” .O dossiê presidencial “não correu bem às esquerdas”, diz, observando que “há outras coisas a discutir” no plano das políticas nacionais. Desta forma, tenta acalmar o “alvoroço excessivo” que existe em relação às presidenciais, porque, frisa, “não vamos corrigir nada”.

Num artigo publicado esta segunda-feira no Jornal de Notícias, Assis dá nota das divergências que tem em relação a António Costa e é duro na avaliação que faz da situação política. “Num país onde permanece vivo o mito da existência de uma maioria sociológica de esquerda (…), a esquerda democrática tinha aparentemente todas as condições para triunfar neste acto eleitoral, através de um representante seu. Ficou muito longe da concretização dessa possibilidade”. E acrescenta: “Ao que parece, a esquerda democrática está a perder o confronto doutrinário em todas as suas fronteiras: à sua direita, não cresce e à sua esquerda não seduz. Quando passar o estado de ilusão que se instalou no Partido Socialista, haverá muito para discutir e alguma coisa para mudar”.

Para o fim fica o aviso: “O Bloco de Esquerda vai progredindo à custa de um discurso muito perigoso. Está transformado no mais populista dos partidos portugueses. É preciso que alguém o combata. Como é óbvio, esse combate político não pode ser levado a cabo por quem se deixou inocular por um vírus de idêntica natureza”.

Carneiro desiste do Porto
José Luís Carneiro, que preside à distrital do PS-Porto, anunciou esta terça-feira que não será candidato a um terceiro mandato à frente da maior distrital do partido nas eleições federativas, marcadas para o primeiro fim-de-semana de Março.

O ex-presidente da Câmara de Baião e actual secretário de Estado das Comunidades, que faz um balanço “fracamente positivo” da sua liderança, ponderou candidatar-se, mas acabou por desistir deixando o terreno livre para uma candidatura única, indo ao encontro das pretensões do secretário-geral e primeiro-ministro, António Costa.

Com José Luís Carneiro fora da corrida, ganha cada vez mais consistência uma eventual candidatura de Manuel Pizarro, primeiro vereador do PS na câmara do Porto e ex-líder da concelhia socialista. A um mês e meio das eleições, assiste-se no PS-Porto a uma forte mobilização à volta de Manuel Pizarro para que avance.

A escolha dos candidatos para a lista de deputados pelo círculo do Porto, liderado pelo ainda líder federativo, que foi apoiante de António José Seguro, não correu bem e Manuel Pizarro pode beneficiar do apoio de muitos daqueles que ficaram fora da lista e que tinham expectativas de entrar. A polémica foi tal que o secretário-geral do PS acabou por avocar a lista., incluindo nela pessoas que considerava que fazia sentido convidar.

O actual líder da distrital de Évora, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, também não será candidato, conforme o PÚBLICO escreveu. Na corrida estão o deputado Norberto Patinho e a dirigente do PS, Florbela Fernandes.