Esta luva ajuda doentes com Parkinson a controlar tremores
Solução criada por estudante de Medicina poderá chegar ao mercado no próximo ano. Tecnologia é semelhante à utilizada pela Estação Espacial Internacional
Tinham dado voltas à cabeça para tentar descobrir o que lhes escapava no diagnóstico. Uma doente com 103 anos perdia peso a olhos vistos e os médicos não conseguiam perceber porquê. Um dia, o estudante de Medicina Faii Ong cruzou-se com a senhora na cafetaria do hospital, em Londres, e não pode deixar de reparar na imensa dificuldade da mulher para comer a sopa: "A mão dela tremia e a sopa ia sendo derramada", contou numa entrevista ao "Fast Company". Estava ali a resposta — a doença de Parkinson da centenária estava a fazê-la perder peso simplesmente porque ela não conseguia alimentar-se.
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Tinham dado voltas à cabeça para tentar descobrir o que lhes escapava no diagnóstico. Uma doente com 103 anos perdia peso a olhos vistos e os médicos não conseguiam perceber porquê. Um dia, o estudante de Medicina Faii Ong cruzou-se com a senhora na cafetaria do hospital, em Londres, e não pode deixar de reparar na imensa dificuldade da mulher para comer a sopa: "A mão dela tremia e a sopa ia sendo derramada", contou numa entrevista ao "Fast Company". Estava ali a resposta — a doença de Parkinson da centenária estava a fazê-la perder peso simplesmente porque ela não conseguia alimentar-se.
Nos dois anos que separam este episódio dos dias de hoje, Faii Ong, 24 anos, não mais esqueceu a senhora e assumiu uma missão: inventar um dispositivo capaz de ajudar os milhões de pessoas que sofrem de Parkinson em todo o mundo. A solução poderá chegar ao mercado durante o próximo ano e ainda em 2016 vai lançar uma campanha de "crowdfunding" para ajudar no desenvolvimento. As pré-reservas da GyroGlove já estão disponíveis e o preço deverá variar entre os 500 e os 800 euros.
O dispositivo apresenta tecnologia semelhante à utilizada pela Estação Espacial Internacional e procura estabilizar tremores involuntários, um dos prinicipais sintomas desta doença que afecta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Através de um giroscópio mecânico, a luva criada por Ong — e uma equipa entretanto com mais trezes pessoas — consegue amortecer os tremores na mão de um utilizador.
“Os giroscópios mecânicos funcionam como se fossem piões: estão sempre a tentar ficar de pé através do momento angular. A minha ideia foi usar giroscópios para instantaneamente e proporcionalmente resistir ao movimento da mão de uma pessoa, atenuando assim qualquer tremor na mão do utilizador”, explica ao site Technology Review.
A solução é simples mas aparentemente eficaz: a empresa GyroGear garante que a luva pode reduzir tremores nas mãos até 90%. Os doentes que já testaram o dispositivo equiparam a sensação de usar a luva à de ter as mãos mergulhadas num líquido espesso, mas falam também das vantagens de não necessitar de vigilância médica permanente e do facto de ser uma luva relativamente discreta e não estigmatizante.
A GyroGlove, espera o jovem natural de Singapura Faii Ong, pode no futuro ser adaptada a outras realidades e profissões cuja firmeza de mãos é fundamental, como os cirurgiões. Além disso, esta é uma solução mais global comparativamente com outras apresentadas no passado — como a colher criada pela Google ou uma caneta desenhada pelo designer Lucy Jung.