Morreu o actor José Boavida
Actor da popular série da RTP Bem-vindos a Beirais tinha 51 anos e estava internado há cerca de duas semanas.
O actor José Boavida morreu nesta terça-feira, no Hospital Amadora-Sintra, onde tinha dado entrada há duas semanas, depois de ter caído inanimado na rua, vítima de paragem cardiorrespiratória. A notícia da morte do actor de 51 anos foi avançada pela SIC Notícias e também confirmada à Agência Lusa pelo seu agente, Paulo Araújo.
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O actor José Boavida morreu nesta terça-feira, no Hospital Amadora-Sintra, onde tinha dado entrada há duas semanas, depois de ter caído inanimado na rua, vítima de paragem cardiorrespiratória. A notícia da morte do actor de 51 anos foi avançada pela SIC Notícias e também confirmada à Agência Lusa pelo seu agente, Paulo Araújo.
Nascido em 1964 em Castelo Branco, José Boavida teve um dos seus papéis mais populares — o mecânico Manuel Pedroso — na série da RTP Bem-vindos a Beirais, embora a sua estreia na televisão tenha acontecido muitos anos antes e atravessado vários géneros e formatos. Trabalhou também, ao longo de 30 anos de carreira, em teatro — como actor e como encenador—- e no cinema.
Entre os papéis que desempenhou em diversas séries de televisão e telenovelas nacionais destacam-se as participações nas séries juvenis Inspector Max e Morangos com Açúcar e nas novelas Telhados de Vidro ou Doce Fugitiva. Teve ainda uma participação especial na série Conta-me como Foi, exibida na RTP. A direcção da estação pública divulgou na tarde desta terça-feira que vai transmitir esta noite um episódio especial de Bem-vindos a Beirais que será dedicado ao actor. "A RTP lamenta profundamente a morte do actor José Boavida" que, lê-se na mesma nota, será recordado "pela sua boa disposição, pelo seu companheirismo, mas acima de tudo pelo seu profissionalismo nos projectos em que se encontrava envolvido".
Participou em Equador, a versão televisiva do romance de Miguel Sousa Tavares, teve múltiplos papéis na série de comédia Malucos do Riso e no cinema integrou os elencos de Capitães de Abril, de Maria de Medeiros, Contrato, de Nicolau Breyner, Amália, de Carlos Coelho da Silva, A Vida Privada de Salazar, de Jorge Queiroga, e Até Amanhã Camaradas, de Joaquim Leitão.
No teatro, José Boavida interpretou desde 1992 Ibsen, Ionesco ou Molière, mas também muitos textos de autores portugueses, sobretudo no Teatro A Barraca e com o Novo Grupo do Teatro Aberto. Encenou mais de 15 peças.
No passado dia 7 de Janeiro, José Boavida foi encontrado por transeuntes depois de perder os sentidos na rua, em Queluz, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória. Ficou internado em coma induzido e com um prognóstico reservado. A sua família queixou-se à imprensa de demora na assistência no local.
"Os médicos dizem que o meu pai esteve demasiado tempo em paragem respiratória", disse há dias a filha de José Boavida, Mariana Boavida, ao diário Correio da Manhã. "O INEM demorou muito tempo a chegar ao local. Foram feitas duas chamadas, a primeira às 23h50, mas o meu pai só chegou ao hospital uma hora depois. Se não estivesse tanto tempo inconsciente, os danos e as lesões podiam ser menores". O actor sofrera, entretanto, danos cerebrais irreversíveis, detalhou ainda Mariana Boavida.
Numa sequência de posts na rede social Facebook, Gabriel Boavida, familiar do actor, frisava que a família estava grata "a todos os profissionais do socorro, heróis que desempenham diariamente o melhor que podem a sua função com os meios de que dispõem e cumprindo rigorosos protocolos".
Gabriel Boavida comunicou depois o "choque" e indignação da família com uma notícia da SIC Notícias sobre a inexistência de viatura médica de emergência e reanimação, destinada ao transporte rápido de uma equipa médica ao local onde se encontra o doente, nos hospitais do Barreiro e Amadora-Sintra. "É extremamente doloroso pensar que por causa de políticas de contenção de despesas por parte das administrações dos hospitais e a Secretaria de Estado da Saúde e INEM, haja cidadãos a perder a vida ou a ficarem inutilizados para sempre".
José Boavida lançou em 2015 o livro de crónicas Nunca Te Esconderei o Meu Sorriso (ed. Mandrágoa), que assinalava os seus 30 anos de carreira.