Papa defende casamento tradicional quando a Itália debate a união de facto
Votação sobre lei que reconhece união de facto para casais heterossexuais e homossexuais gera acesa polémica.
Se o Papa Francisco tem assumido uma posição de maior abertura, demarcou uma fronteira clara ao definir a oposição da Igreja Católica ao casamento gay, ao intervir na polémica que decorre em Itália a propósito da votação no Senado, na próxima semana, de uma lei para autorizar as uniões de facto tanto para casais heterossexuais e homossexuais.
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Se o Papa Francisco tem assumido uma posição de maior abertura, demarcou uma fronteira clara ao definir a oposição da Igreja Católica ao casamento gay, ao intervir na polémica que decorre em Itália a propósito da votação no Senado, na próxima semana, de uma lei para autorizar as uniões de facto tanto para casais heterossexuais e homossexuais.
“Não pode haver confusão entre a família que Deus quer e qualquer outro tipo de união”, afirmou o Papa, perante os juízes do tribunal do Vaticano que decidem sobre a anulação de casamentos pela igreja. “A família, fundada no matrimónio indissolúvel que une e permite a procriação, faz parte do sonho de Deus e da sua Igreja para a salvação da humanidade”, declarou.
Apesar de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos ter condenado a Itália no ano passado por não ter, até ao presente, legislado sobre as uniões de facto, a verdade é que as objecções de políticos de todas as correntes têm impedido a sua aprovação. Tanto políticos da oposição como alguns membros do Partido Democrata do primeiro-ministro Matteo Renzi, de centro-esquerda, têm dado largas à sua indignação com uma proposta na lei que permitiria aos casais homossexuais adoptar os filhos que os seus parceiros tenham tido em relações heterossexuais anteriores.
O facto de o Vaticano ser em Roma é normalmente citado como o motivo pelo qual Itália é um dos últimos grandes países ocidentais que não dá aos casais homossexuais os mesmos direitos e protecções em questões como a parentalidade.
O redactor da lei, a senadora democrata Monica Cirinna, diz que o seu partido está “febril” com a aproximação da data da votação no Senado – 28 de Janeiro – e que a posição da Igreja Católica está sempre a surgir como pano de fundo do debate. “Sempre houve um conflito entre os membros do partido que são católicos e os não católicos”, reconheceu Cirinna. “Sente-se a sombra da grande cúpula”, afirmou, referindo-se à Basílica de São Pedro.
Há quem tema que, com esta lei, se abra caminho às barrigas de aluguer – algo que é ilegal em Itália. O ministro do Interior, Angelino Alfano, afirmou que aqueles que violarem a lei serão tratados como agressores sexuais.
O partido de extrema-direita Liga Norte promoveu uma manifestação esta semana no Panteão, recolhendo assinaturas para pedir que seja retirada da lei a adopção de filhos de anteriores relações pelos cais homossexuais antes do voto de 28 de Janeiro.