Colômbia prevê até 700 mil infecções de vírus Zika este ano

O país já teve cerca de 11 mil casos desta doença transmitida por um mosquito e é o segundo mais afectado, depois do Brasil. Recomenda às mulheres que adiem a gravidez.

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Fumigação no Peru, para eliminar os mosquitos cuja picada transmite o vírus ERNESTO BENAVIDES/AFP

As autoridades sanitárias colombianas temem que o virus de Zika, que neste momento afecta mais o Brasil, possa infectar até 700 mil pessoas este ano na Colômbia. “Prevemos que se expanda de uma forma semelhante ao que aconteceu com vírus Chikungunya no ano passado”, afirmou o ministro da Saúde, Alejandro Gaviria.

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As autoridades sanitárias colombianas temem que o virus de Zika, que neste momento afecta mais o Brasil, possa infectar até 700 mil pessoas este ano na Colômbia. “Prevemos que se expanda de uma forma semelhante ao que aconteceu com vírus Chikungunya no ano passado”, afirmou o ministro da Saúde, Alejandro Gaviria.

Até agora, e segundo números de 15 de Janeiro do instituto de Saúde colombiano, o país teve 10.837 casos confirmados de infecções pelo vírus de Zika, que se transmite na picada de mosquitos do género Aedes, e 1918 casos suspeitos. Segundo a AFP, há 560 mulheres grávidas sob vigilância médica, pois o vírus pode provocar malformações graves ao feto – que podem causar a morte, seja num aborto ou após o parto.

A presença do vírus foi documentada em 14 países do continente americano e nas Caraíbas, mas só o Brasil supera a Colômbia neste momento. No Brasil já terá infectado entre 440.000 e 1.300.000 pessoas, onde continuam a aumentar os casos de microcefalia, uma desordem neurológica em que os bebés nascem com crânios e cérebros de tamanho reduzido: o número de nascimentos com este problema aumentou para 3893 em 16 de Janeiro, quando dez dias antes era de 3530. O número de mortes devido a esta malformação aumentou para 49, segundo o Ministério da Saúde brasileiro.

Mas o problema é conseguir relacionar as duas coisas, a infecção pelo vírus de Zika e a microcefalia. Segundo a Reuters, só seis casos confirmados de microcefalia foram, até agora, relacionados com uma infecção por esta doença transmitida por mosquitos do género Aedes.

Os cientistas estão a esforçar-se por compreender melhor a doença que já surgiu no Brasil, Colômbia, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Suriname, Venezuela, Porto Rico e Hawai, o que o torna presente também nos Estados Unidos. Investigadores brasileiros do Instituto Carlos Chagas, da Fundação Fiocruz, e da Pontifícia Universidade Católica Paraná confirmaram que o vírus de Zika consegue ultrapassar a placenta durante a gestação.

Até agora, o vírus só tinha sido detectado no líquido amniótico de duas mulheres grávidas. “É um avanço significativo, mas ainda não podemos afirmar com certeza científica que o Zika é a causa das microcefalias”, disse à Reuters Jean Peron, especialista em imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

O cenário é de receio. Perante as previsões do aumento rápido do número de casos, o Governo colombiano está a aconselhar as mulheres a adiar a gravidez durante seis a oito meses para evitar o risco de infecções com o vírus de Zika. Pelo menos até se perceber porque é que a infecção está a alastrar com tanta velocidade. Um comunicado do Ministério da Saúde colombiano pedia também às mulheres que vivem acima de 2200 metros de altitude que se abstivessem de viajar até altitudes mais baixas, “pelo menos até Julho”, quando termina o Verão no hemisfério Sul.