As corridas loucas do capitalismo selvagem

Uma sátira verrinosa da ganância fácil que cai pontualmente na chico-espertice que denuncia.

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The Big Short: comédia chico-esperta

A Queda de Wall Street traz todos os “sinais” do filme de prestígio a apontar para os Óscares – tema sério e actual (as raízes da recessão e a desigualdade económica entre os 99% e os 1%), elenco de luxo com actores reconhecidos, adaptação de um best-seller de não ficção. Excepto um: quem realiza é Adam McKay, cúmplice de Will Ferrell e realizador desse pequeno clássico da comédia americana moderna que é As Corridas Loucas de Ricky Bobby (2006). O que ele faz é precisamente uma comédia – mal-disposta, amarga, escarninha, cínica, mas uma comédia na mesma, a apontar o dedo à epidemia de ganância e à corrida ao dinheiro fácil da última década, sátira verrinosa do capitalismo selvagem levada a cem à hora e propulsionada pela incredulidade, pela frustração, pela injustiça e pela raiva. O coração de McKay está no sítio certo, e os seus actores dão-lhe corpo com igual empenho, mas o filme nem sempre gere da melhor maneira essa energia e por vezes parece ficar ali a rodar em seco – o que não lhe tira valor nem interesse, mas lhe dá um verniz de chico-espertice (igual exactamente ao que denuncia…) que era desnecessário.

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A Queda de Wall Street traz todos os “sinais” do filme de prestígio a apontar para os Óscares – tema sério e actual (as raízes da recessão e a desigualdade económica entre os 99% e os 1%), elenco de luxo com actores reconhecidos, adaptação de um best-seller de não ficção. Excepto um: quem realiza é Adam McKay, cúmplice de Will Ferrell e realizador desse pequeno clássico da comédia americana moderna que é As Corridas Loucas de Ricky Bobby (2006). O que ele faz é precisamente uma comédia – mal-disposta, amarga, escarninha, cínica, mas uma comédia na mesma, a apontar o dedo à epidemia de ganância e à corrida ao dinheiro fácil da última década, sátira verrinosa do capitalismo selvagem levada a cem à hora e propulsionada pela incredulidade, pela frustração, pela injustiça e pela raiva. O coração de McKay está no sítio certo, e os seus actores dão-lhe corpo com igual empenho, mas o filme nem sempre gere da melhor maneira essa energia e por vezes parece ficar ali a rodar em seco – o que não lhe tira valor nem interesse, mas lhe dá um verniz de chico-espertice (igual exactamente ao que denuncia…) que era desnecessário.