Os ganhos do Irão no acordo nuclear
Com o acordo, o Irão ganhará em prosperidade. E o seu Presidente ganhará em termos políticos.
Para o Irão, são boas notícias: reentrou no sistema bancário internacional, já pode, sem entraves, negociar em petróleo, gás, tecnologia naval, ouro, diamantes e outros materiais preciosos, e já pode aceder aos aeroportos europeus. Isto por ter desactivado, no plano nuclear, as suas centrifugadoras, desmantelado o seu principal reactor e enviado para a Rússia toneladas de urânio enriquecido — Obama recebeu garantias de que isto tinha sido feito e, de seguida, suspendeu os embargos que mais pesavam na economia do país. Ficou de fora, porque se mantém, o embargo à venda de armas. Este passo histórico, que o Irão, no poder e nas ruas, assinalou com regozijo, não é incondicional: se algo voltar atrás, ou não correr conforme previsto, as sanções podem regressar. Obama falou num "dia feliz", mas sabe que subsistem ainda "sérias e profundas diferenças" e que é preciso vigilância para que o "dia feliz" não seja toldado num futuro próximo. Quando o acordo internacional foi assinado, em 2015, ao fim de longos 12 anos de impasse e 21 meses de conversações, o cepticismo era maior. Falou-se em "momento histórico" mas ficaram no ar muitas dúvidas: cumpriria o Irão aquilo a que se comprometeu? Pelos vistos, cumpriu, no essencial, e com isso abriu portas pesadamente fechadas há muito. "Abrimo-nos ao mundo, num sinal de amizade, deixando para trás todas as inimizades, suspeitas e conspirações." Todas será exagero, mas as palavras do Presidente iraniano, Hassan Rouhani, assinalam uma mudança fundamental. Ele sabe, e o Ocidente também, que um acordo assim jamais seria possível com Ahmadinejad. Se Rouhani mantiver o Irão neste rumo, ele que desde a sua eleição foi visto como um moderado, terá a ganhar, e muito. No curto prazo, terá vitória garantida nas eleições legislativas de Fevereiro. No médio e longo prazo, terá um Irão mais próspero. E a Arábia Saudita, nesta "guerra"? Será certamente a próxima dor de cabeça.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Para o Irão, são boas notícias: reentrou no sistema bancário internacional, já pode, sem entraves, negociar em petróleo, gás, tecnologia naval, ouro, diamantes e outros materiais preciosos, e já pode aceder aos aeroportos europeus. Isto por ter desactivado, no plano nuclear, as suas centrifugadoras, desmantelado o seu principal reactor e enviado para a Rússia toneladas de urânio enriquecido — Obama recebeu garantias de que isto tinha sido feito e, de seguida, suspendeu os embargos que mais pesavam na economia do país. Ficou de fora, porque se mantém, o embargo à venda de armas. Este passo histórico, que o Irão, no poder e nas ruas, assinalou com regozijo, não é incondicional: se algo voltar atrás, ou não correr conforme previsto, as sanções podem regressar. Obama falou num "dia feliz", mas sabe que subsistem ainda "sérias e profundas diferenças" e que é preciso vigilância para que o "dia feliz" não seja toldado num futuro próximo. Quando o acordo internacional foi assinado, em 2015, ao fim de longos 12 anos de impasse e 21 meses de conversações, o cepticismo era maior. Falou-se em "momento histórico" mas ficaram no ar muitas dúvidas: cumpriria o Irão aquilo a que se comprometeu? Pelos vistos, cumpriu, no essencial, e com isso abriu portas pesadamente fechadas há muito. "Abrimo-nos ao mundo, num sinal de amizade, deixando para trás todas as inimizades, suspeitas e conspirações." Todas será exagero, mas as palavras do Presidente iraniano, Hassan Rouhani, assinalam uma mudança fundamental. Ele sabe, e o Ocidente também, que um acordo assim jamais seria possível com Ahmadinejad. Se Rouhani mantiver o Irão neste rumo, ele que desde a sua eleição foi visto como um moderado, terá a ganhar, e muito. No curto prazo, terá vitória garantida nas eleições legislativas de Fevereiro. No médio e longo prazo, terá um Irão mais próspero. E a Arábia Saudita, nesta "guerra"? Será certamente a próxima dor de cabeça.