Alegre critica “candidatos messiânicos” e avisa PS para não cometer erros do passado
Ex-candidato presidencial fala de Ramalho Eanes para dizer que Maria de Belém “é um general” e que tal como ele cumpriu os escalões todos.
Manuel Alegre desferiu esta sexta-feira à noite um violento ataque a Sampaio da Nóvoa, afirmando que “nós não precisamos de candidatos messiânicos, nem de salvadores, precisamos de alguém que tenha uma interpretação correcta da Constituição, que sinta a Constituição, que tenha feito da Constituição o seu programa e que não crie ilusões sobre o que é o papel do Presidente da República”.
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Manuel Alegre desferiu esta sexta-feira à noite um violento ataque a Sampaio da Nóvoa, afirmando que “nós não precisamos de candidatos messiânicos, nem de salvadores, precisamos de alguém que tenha uma interpretação correcta da Constituição, que sinta a Constituição, que tenha feito da Constituição o seu programa e que não crie ilusões sobre o que é o papel do Presidente da República”.
Em Santo Tirso, num jantar com cerca de 300 apoiantes, o presidente da Comissão de Honra de Maria de Belém foi demolidor para com o ex-reitor da Universidade de Lisboa, criticando-o por “atacar os partidos e fazer campanha apoiado pelas estruturas do PS". "Eu já vi este filme, já vi o PS a apoiar um candidato independente [Ramalho Eanes] e acabou por formar um partido [PRD] contra o PS”, atirou. “Não devemos repetir os erros do passado”. Estava dado o recado.
“[Nesta campanha] também se fala muito de generais e soldados. O meu caro amigo, estimado e respeitado general Ramalho Eanes, chegou a general, mas foi cadete, tenente, capitão, major, por aí acima até general e não é marechal porque não quis ser nomeado", elencou Alegre. E prosseguiu: "Maria de Belém também fez todos os escalões, também foi cadete de militância, também foi tenente, major até chegar a general. Hoje é um general, mas são 40 anos de vida política, 40 anos de militância, não é um general de aviário, não apareceu agora”, declarou, recebendo um grande aplauso.
Alegre aludiu depois ao facto de a direcção do partido ter decidido não apoiar nenhum dos candidatos. Referiu que é a primeira vez que tal acontece, mas pediu clareza. “Eu estou aqui sem batota, dando a minha cara a dizer que apoio Maria de Belém, o que não aceito é que se decida uma coisa e se faça o contrário. Isso é uma falta de respeito pelo PS e por uma ex-presidente do Partido Socialista que é candidata à Presidência da República”, lamentou Alegre, considerando que “este é o tempo de chamar as coisas pelos seus nomes”.
Depois de elogiar o percurso da candidata que vai contar com o seu voto, Alegre voltou à carga e não poupou Sampaio da Nóvoa, que proclama um tempo novo. A esse propósito, esclareceu que foi o primeiro-ministro quem utilizou pela primeira vez essa expressão. “Fala-se agora de um tempo novo, o primeiro a usar essa expressão foi António Costa, ele usou-a em relação a uma situação concreta, o facto de termos um Governo do PS apoiado pelos partidos da esquerda. Isso foi uma viragem histórica, foi um muro que caiu, mas esse é um tempo novo referido a uma situação concreta, não uma linguagem de um tempo novo que não se sabe o que é, de um tempo novo messiânico, um bocado lunático”.
A candidata presidencial, que nas sondagens tem apenas uma diferença de cinco décimas em relação ao ex-reitor, não desperdiçou a oportunidade de o beliscar. “Vários candidatos prometem aquilo que sabem que não podem cumprir e agora já vêm dizer o seu programa é a Constituição, mas não foi por aí que começaram e em política também há direitos de autor”.
De manhã, Maria de Belém esteve na Marinha Grande, onde visitou uma fábrica, mas foi na Nazaré que ouviu ontem uma mulher madura dizer-lhe:” Precisamos de boas presidentes”. A candidata registou as palavras e seguiu em frente, tentando conquistar o voto de outras nazarenas com quem se cruzou ao longo da visita à feira semanal da Nazaré.
Surpreendida, uma outra mulher apontou para ela e atirou: “Eu conheço-a da televisão!” Do écran para a feira, a idosa confrontou-se com a candidata ao vivo e não escondeu a emoção, enquanto uma outra partilhava em voz alta ter recebido dois beijos da ex-ministra socialista. A ex-presidente do PS quis mostrar que não teme o contacto de rua, confessa que até gosta do contacto com as pessoas e que nunca sentiu nenhuma hostilidade.