Centeno confirma "preocupação" do Governo com decisão sobre Novo Banco
Governo manifestou reservas à decisão do Banco de Portugal de impôr perdas aos detentores de dívida sénior do Novo Banco, passando-as para o "banco mau"
O ministro das Finanças confirmou, em Bruxelas, que o Governo "via com dificuldades e preocupação" a decisão do Banco de Portugal de impor perdas aos detentores de dívida sénior do Novo Banco, posição que transmitiu ao próprio governador da instituição.
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O ministro das Finanças confirmou, em Bruxelas, que o Governo "via com dificuldades e preocupação" a decisão do Banco de Portugal de impor perdas aos detentores de dívida sénior do Novo Banco, posição que transmitiu ao próprio governador da instituição.
Um dia após a agência financeira Bloomberg ter noticiado que o secretário de Estado do Tesouro, Ricardo Mourinho Félix, afirmou num encontro com investidores na segunda-feira, em Londres, que o Ministério das Finanças expressou preocupações quanto à decisão de passar as obrigações seniores (que na resolução do BES ficaram no Novo Banco, para o 'banco mau'), Mário Centeno confirmou que foi esse o caso.
"O que o Governo disse nessa reunião foi que - e foi transmitido desta forma ao senhor governador do Banco de Portugal (Carlos Costa) - o Ministério e o Governo viam com dificuldades e preocupação a solução que tinha sido adoptada", declarou o ministro, quando questionado sobre o assunto à saída de uma reunião do Eurogrupo.
A 29 de Dezembro, o Banco de Portugal (BdP) passou para o BES a responsabilidade pelas obrigações não subordinadas ou seniores por este emitidas e que foram destinadas a investidores institucionais (como fundos de investimento, fundos pensões ou seguradoras).
Com esta medida - que reverteu a que tinha sido tomada após a resolução do BES, quando o Banco de Portugal decidiu não imputar perdas aos credores seniores passando a dívida não subordinada do BES para o Novo Banco -, o Novo Banco foi recapitalizado em 1.985 milhões de euros, permitindo-lhe assim cumprir as exigências regulamentares. Os obrigacionistas foram apanhados de surpresa por esta medida, que tem sido muito contestada.
Escusando-se a tecer mais comentários sobre o assunto, Mário Centeno acrescentou que o país necessita agora é de concentrar-se em questões como o "sucesso" do leilão de dívida pública de hoje - Portugal conseguiu colocar 4 mil milhões de euros -, que classificou como "um sinal muito positivo de confiança dos mercados no país".