Do terror de Istambul ao terror de Madaya
Morte no coração da Turquia, prenúncio de morte em Madaya: a uni-las, o terror e a guerra síria.
O arrastar da guerra na Síria, iniciada em 2011, está a servir de combustível não apenas a acções terroristas do autodenominado Estado Islâmico e grupos afins, mas também a situações cada vez mais desesperadas entre os muitos milhares de refugiados dentro e fora do país. A explosão que ontem matou dez pessoas e feriu 15 na Turquia, num bairro da zona histórica de Istambul, tem a marca do EI e o bombista suicida que ali se fez explodir (numa zona turística, com o fim óbvio de fazer o maior número de vítimas possível) terá ascendência síria, embora nascido na Arábia Saudita, e cruzara a fronteira da Síria com a Turquia recentemente e em segurança, visto não estar em nenhuma lista de suspeitos. E se em atentados anteriores os alvos tinham sido sobretudo curdos (em Ancara e em Suruc morreram cerca de centena e meia, em atentados suicidas), agora o alvo foram estrangeiros, na sua maioria turista alemães. Se o EI prometeu levar o terror a todos os lugares de onde o ataquem, e se a Turquia já estava nesta lista (a Turquia que terá tentado diminuir os efeitos do ataque, pressionando os órgãos de comunicação), a verdade é que o reverso desta ofensiva terrorista não é menos alarmante: em território sírio, vive-se na cidade sitiada de Madaya uma situação gravíssima. Durante meses, a população, subnutrida e minada por doenças, recebeu apenas como “ajuda” nos postos médicos água com sal e água com açúcar, por não se conseguir fazer chegar ao terreno, devido à guerra, uma ajuda alimentar mínima. Isso levou a que, para minorar a fome, fossem cozinhadas folhas das oliveiras e animais domésticos, cães ou gatos. Agora, a ajuda começou a chegar, mas é preciso retirar doentes, feridos e subnutridos, para evitar que morram. Isso terá de ser feito imediatamente, diz-se, mas o “imediatamente” nestas condições é palavra dúbia. Se a guerra na Síria não for, como se planeou, estancada, muitas mais mortes se seguirão.
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O arrastar da guerra na Síria, iniciada em 2011, está a servir de combustível não apenas a acções terroristas do autodenominado Estado Islâmico e grupos afins, mas também a situações cada vez mais desesperadas entre os muitos milhares de refugiados dentro e fora do país. A explosão que ontem matou dez pessoas e feriu 15 na Turquia, num bairro da zona histórica de Istambul, tem a marca do EI e o bombista suicida que ali se fez explodir (numa zona turística, com o fim óbvio de fazer o maior número de vítimas possível) terá ascendência síria, embora nascido na Arábia Saudita, e cruzara a fronteira da Síria com a Turquia recentemente e em segurança, visto não estar em nenhuma lista de suspeitos. E se em atentados anteriores os alvos tinham sido sobretudo curdos (em Ancara e em Suruc morreram cerca de centena e meia, em atentados suicidas), agora o alvo foram estrangeiros, na sua maioria turista alemães. Se o EI prometeu levar o terror a todos os lugares de onde o ataquem, e se a Turquia já estava nesta lista (a Turquia que terá tentado diminuir os efeitos do ataque, pressionando os órgãos de comunicação), a verdade é que o reverso desta ofensiva terrorista não é menos alarmante: em território sírio, vive-se na cidade sitiada de Madaya uma situação gravíssima. Durante meses, a população, subnutrida e minada por doenças, recebeu apenas como “ajuda” nos postos médicos água com sal e água com açúcar, por não se conseguir fazer chegar ao terreno, devido à guerra, uma ajuda alimentar mínima. Isso levou a que, para minorar a fome, fossem cozinhadas folhas das oliveiras e animais domésticos, cães ou gatos. Agora, a ajuda começou a chegar, mas é preciso retirar doentes, feridos e subnutridos, para evitar que morram. Isso terá de ser feito imediatamente, diz-se, mas o “imediatamente” nestas condições é palavra dúbia. Se a guerra na Síria não for, como se planeou, estancada, muitas mais mortes se seguirão.