RBS prevê ano de 2016 “cataclísmico” e aconselha investidores a vender tudo
O banco de investimento Royal Bank of Scotland aponta para um cenário pouco animador para a economia mundial neste ano.
Normalmente preocupadas com o impacto que possam ter, as análises de instituições financeiras sobre a economia mundial costumam ser cautelosas com a acutilância das expressões utilizadas. Apelos à venda generalizada e palavras como “cataclísmico” não costumam constar nestes documentos, mas a nota do Royal Bank of Scotland (RBS) a investidores é excepção. Apesar de sublinhar que “há uma diferença entre a previsão de algo e a sua concretização”, o documento datado de 8 de Janeiro aconselha os investidores a "vender tudo menos obrigações de qualidade elevada”.
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Normalmente preocupadas com o impacto que possam ter, as análises de instituições financeiras sobre a economia mundial costumam ser cautelosas com a acutilância das expressões utilizadas. Apelos à venda generalizada e palavras como “cataclísmico” não costumam constar nestes documentos, mas a nota do Royal Bank of Scotland (RBS) a investidores é excepção. Apesar de sublinhar que “há uma diferença entre a previsão de algo e a sua concretização”, o documento datado de 8 de Janeiro aconselha os investidores a "vender tudo menos obrigações de qualidade elevada”.
“Numa sala cheia de gente, as portas de saída tornam-se apertadas”, lê-se no documento em que Andrew Roberts, líder da equipa de analistas de mercado de crédito do RBS, explica que “o que está em causa é o retorno do capital e não o retorno sobre capital”.
Na base da previsão da instituição financeira estão dois grandes factores: a desaceleração económica chinesa e o facto de a Reserva Federal norte-americana ter começado a subir a taxa de juro, algo quer não acontecia há nove anos. Andrew Roberts entende que a “grande correcção” iniciada pela China, a segunda maior do mundo, vai ter um efeito de “bola de neve”.
Considerando que a actual conjuntura “parece similar a 2008”, o RBS avalia que o “ano cataclísmico” pode então resultar em perdas entre 10% e 20% de capitalização bolsista, com o barril de petróleo a derrapar até aos 16 dólares (14,74 euros).
O líder da equipa de analistas baseia-se na perda de capitalização bolsista chinesa, na baixa do preço do petróleo e na descida dos preços de outras matérias-primas desde que foi publicada a última previsão do RBS (em Novembro de 2015), para sustentar o actual cenário.
O preço do barril de petróleo tem vindo a efectuar uma trajectória descendente, atingindo o ponto mais baixo desde 2004 na última quarta-feira, quando ficou abaixo da barreira dos 30 euros. O conflito diplomático entre a Arábia Saudita e o Irão vem contribuir para que o preço se mantenha baixo, uma vez que impede a concertação entre os dois países asiáticos.
A baixa das taxas de juro e programas como a compra de dívida pelo Banco Central Europeu têm apoiado os mercados, mas o início do aumento das taxas de juro pela Reserva Federal retira o estímulo, avalia o RBS.
Para o Royal Bank of Scotland, vários eventos políticos na Europa podem fomentar a volatilidade dos mercados no início de 2016, com destaque para a questão eleitoral espanhola.