Primeira volta das presidenciais funcionará como "primárias da esquerda", diz Costa
Líder do PS apela aos socialistas que apoiem Nóvoa ou Belém para garantir segunda volta defende e eleger Presidente da área socialista em Fevereiro.
O secretário-geral do PS não seguiu, “por prudência”, o exemplo do presidente do partido, Carlos César, no apoio expresso a um candidato presidencial. Mas apelou este sábado, na abertura do Conselho Nacional, a todos os socialistas para que “se empenhem em apoiar activamente à primeira volta o candidato que considerem melhor colocado” para ganhar as eleições à segunda volta.
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O secretário-geral do PS não seguiu, “por prudência”, o exemplo do presidente do partido, Carlos César, no apoio expresso a um candidato presidencial. Mas apelou este sábado, na abertura do Conselho Nacional, a todos os socialistas para que “se empenhem em apoiar activamente à primeira volta o candidato que considerem melhor colocado” para ganhar as eleições à segunda volta.
“Esta primeira volta deve servir verdadeiramente como as eleições primárias da esquerda portuguesa para que, à segunda volta, a esquerda se una e possa eleger o próximo Presidente da República”, afirmou António Costa.
O actual primeiro-ministro recordou que o PS decidiu não apoiar nenhum candidato na primeira volta das presidenciais, mas "isso não significa que, para o PS, estas eleições sejam irrelevantes nem indiferentes para o futuro do país". Pelo contrário, afirmou, apelando à mobilização de todos, tanto socialistas como não-socialistas, na campanha e na votação de 24 de Janeiro.
Costa identificou "dois candidatos relevantes da área política do PS, Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém", e recordou que, "sempre que o Presidente da República foi eleito com o apoio do PS, os portugueses gostaram" deles e "têm saudades". E nomeou os três Chefes de Estado nessas condições - Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Só não referiu que os três apoiam agora Sampaio da Nóvoa.
Na mesa do Conselho Nacional, Costa tinha à sua direita Almeida Santos, que durante a tarde declarou o apoio a Maria de Belém, e à sua esquerda Carlos César, apoiante de Sampaio da Nóvoa.
Para ilustrar a importância do Chefe de Estado, elencou cenários com sabor a críticas a Cavaco Silva. “Nestes quatro anos de crise tão profunda, maginem se os portugueses tivessem podido contar com um Presidente da República capaz de lhes dar esperança, capaz de unir e não dividir, capaz de promover o diálogo político e social”, disse. Sublinhou que “a primeira função” do detentor do cargo “é cumprir e fazer cumprir a Constituição”.
Deu então a estocada final: “Como teria sido importante ter um Presidente da República que tivesse evitado que um Governo com maioria simples, no dia seguinte à sua queda na Assembleia da República, assinasse um contrato de privatização da TAP sabendo que a maioria parlamentar estava contra”.
Exames, Banif e a “direita raivosa”
De Cavaco Silva, António Costa passou ao ataque aos partidos que estiveram no poder nos últimos anos. “A direita está raivosa. Não só porque o Governo existe mas também porque funciona e está a fazer aquilo que disse que ia fazer. É isso que os incomoda ”, ironizou.
“Nós não fazemos hoje o contrário do que prometemos na campanha eleitoral”, frisou, ilustrando com o aumento do salário mínimo, a actualização das pensões e o fim da sobretaxa do IRS.
No entanto, sublinhou que o Governo não pode “fazer tudo de uma só vez”, porque tem de “compatibilizar a necessidade de mudar com os compromissos europeus de reduzir progressivamente o défice e a dívida”. Mas afirmou que é possível “virar a página da austeridade sem arrastar o país para o incumprimento dessas obrigações”.
Assumindo o papel de primeiro-ministro, António Costa justificou o fim dos exames do 4º e do 6º anos e a criação de provas de aferição no 2º, 5º e 8º anos: “Para nós, a função da escola não é excluir e seleccionar, mas incluir, é dar conhecimento e oportunidades”, disse. A prova de aferição cumpre esse papel, acrescenta: “Avaliar a escola, mas também avaliar o aluno para lhe dar oportunidade de recuperar, se for necessário”.
Para o fim guardou a farpa à direita em relação à banca. “Nós não estamos cá só para resolver os Banifs que eles não tiveram coragem de resolver. Nós estamos cá sobretudo para cumprir uma visão, um programa, o desígnio de mais crescimento, melhor emprego e melhor igualdade”.