Aviadora completa travessia entre Inglaterra e Austrália num avião vintage

A britânica Tracey Curtis-Taylor recriou viagem histórica feita por outra aviadora em 1930, mas agora no complexo mundo pós-11 de Setembro.

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A aviadora britânica Tracey Curtis-Taylor voou no seu avião biplano, de cockpit aberto, por cima de Sidney e aterrou no aeroporto internacional da cidade australiana neste sábado, completando uma viagem de três meses, que recriou uma travessia pioneira da história da aviação.

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A aviadora britânica Tracey Curtis-Taylor voou no seu avião biplano, de cockpit aberto, por cima de Sidney e aterrou no aeroporto internacional da cidade australiana neste sábado, completando uma viagem de três meses, que recriou uma travessia pioneira da história da aviação.

A piloto de 53 anos iniciou a travessia a 1 de Outubro, arrancando de Farnborough, em Hampshire, no Sul da Inglaterra, imitando a viagem da aviadora lendária Amy Johnson, que em 1930 foi a primeira mulher a voar sozinha entre o Reino Unido e a Austrália.  

“Preciso de uma bebida”, disse Tracey Curtis-Taylor aos jornalistas que estavam à sua espera, assim que saiu do seu Boeing Stearman de 1942, e recebendo imediatamente um copo de champagne.

“Poder observar as paisagens mais icónicas, a sua geologia, a sua vegetação, é ter a melhor vista do mundo”, disse. “Pouquíssimas pessoas têm a oportunidade de voar como eu tive.”

Numa viagem em que apanhou desde smog até ao condensado de partículas vindas do mar, que transportam sal, a aviadora levou o seu Spirit of Artemis (Espírito da Artemisa, o nome do biplano que homenageia a deusa grega da caça) a percorrer 22.000 quilómetros, passando por 23 países e consumindo 8000 litros de combustível para alimentar um motor de pistões que foi renovado.  

A viagem foi feita com a ajuda de um avião de apoio que foi atrás do biplano. Uma das dificuldades que a aviadora teve foi obter a gasolina para aviões, que não está disponível em muitos aeroportos modernos.

“Numa viagem destas, é necessário ser-se completamente auto-suficiente”, disse a britânica à Reuters, numa entrevista antes da chegada. “Tivemos de fazer 54 paragens e foi isso que demorou mais.”

Alguns dos desafios que encontrou na viagem passaram por pedir combustível a aborígenes, quando foi obrigada a aterrar no interior australiano, e quando passou um dia a raspar o sal que se acumulou nas hélices depois de ter voado por cima do mar de Timor.

Mas a aviadora também de teve de se confrontar com o ambiente da aviação nascido depois do 11 de Setembro de 2011, onde os responsáveis dos aeroportos são especialmente cautelosos, principalmente após os ataques de Novembro último em Paris e do avião russo que foi abatido no Egipto, um mês antes. “Está tudo num estado de alerta alto”, disse Tracey Curtis-Taylor.

Na Roménia, o mau tempo obrigou à interrupção da viagem durante alguns dias, e a aviadora foi obrigada a desviar-se do espaço aéreo sírio por causa da guerra. A britânica teve ainda oportunidade de levar uma princesa da Arábia Saudita a passear no seu avião. Na Jordânia, algumas raparigas provenientes de meios não privilegiados ficaram espantadas pela coragem de uma mulher daquela idade que decidiu realizar uma viagem desta envergadura.

Apesar de a travessia querer recriar uma viagem histórica, hoje a realidade é muito diferente da de 1930. Naquele tempo, a maioria das paragens de Amy Johnson, então com 26 anos, eram no Império Britânico. E as regras estabelecidas para a aviação eram mínimas.

A viagem de Amy Johnson terminou em Darwin, na Austrália, uma etapa que a sua sucessora completou a 1 de Janeiro. Esta semana comemora-se o 75º aniversário da morte da inglesa, aos 37 anos, num acidente de aviação em Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial.