Presidente da Câmara de Gaia faz queixa de falso ministro que lhe queria meter “uma cunha”

Apresentada uma queixa-crime contra incertos junto do Ministério Público.

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Eduardo Vítor Rodrigues Fernando Veludo/NFACTOS

O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, avançou com uma queixa-crime contra um desconhecido que na tarde de terça-feira lhe telefonou, identificando-se como o ministro Adjunto Eduardo Cabrita e pedindo-lhe um emprego “com bom salário”, na empresa municipal Águas de Gaia. Além da queixa-crime, entregue ao Ministério Público esta quarta-feira, o autarca socialista ordenou já uma auditoria às telecomunicações da câmara, para identificar a origem dos contactos que recebeu e que o falso ministro disse estar a fazer em nome do primeiro-ministro António Costa.

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O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, avançou com uma queixa-crime contra um desconhecido que na tarde de terça-feira lhe telefonou, identificando-se como o ministro Adjunto Eduardo Cabrita e pedindo-lhe um emprego “com bom salário”, na empresa municipal Águas de Gaia. Além da queixa-crime, entregue ao Ministério Público esta quarta-feira, o autarca socialista ordenou já uma auditoria às telecomunicações da câmara, para identificar a origem dos contactos que recebeu e que o falso ministro disse estar a fazer em nome do primeiro-ministro António Costa.

O caso foi revelado pelo próprio Eduardo Vítor Rodrigues, na sua página do Facebook, já depois de a queixa-crime ter sido entregue. Irónico, o autarca classifica o telefonema como “burla” e refere: “Só percebi que a figura não queria ser bombeiro nem animador, queria ir para as Águas de Gaia e com bom salário!”. Na queixa, a que o PÚBLICO teve acesso, descreve-se como alguém que se identificou como chefe de gabinete do ministro ligou para o telefone fixo da Casa da Presidência, em Gaia, indicando à secretária do socialista que ligava do gabinete do ministro e pedindo-lhe que passasse a chamada ao presidente.

O presidente ainda falou com o suposto chefe de gabinete antes de o telefonema ser passado ao “ministro”. De acordo com a queixa-crime, o homem disse estar a falar em nome de António Costa, que queria arranjar um emprego para um amigo. O documento refere que o presidente da câmara ficou “incrédulo” com o teor da conversa, mas que “com o intuito de tentar apurar mais dados” foi dizendo que não havia dinheiro para contratar, mas que mal houvesse condições financeiras, seriam abertos concursos, como determina a lei. Eduardo Vítor pediu ainda que o interlocutor lhe enviasse um e-mail, com os dados necessários, ainda que, segundo a queixa-crime, estivesse convicto que tal não iria acontecer.

Mas, minutos depois, chegava ao seu e-mail uma mensagem, enviada de uma morada electrónica da Sapo e com um curriculum vitae da pessoa que, supostamente, precisava de emprego, com a indicação que “o Dr. António Costa pediu máximo sigilo” sobre o assunto. Perante a origem do e-mail, Eduardo Vítor Rodrigues contactou o suposto ministro, perguntando-lhe porque não usara uma morada institucional. Para “protecção de ambos”, foi a resposta que obteve.

O presidente da Câmara de Gaia decidiu, então, contactar o ministro Adjunto Eduardo Cabrita, cujo número de telemóvel tinha e confirmou que não tinha sido ele o autor da chamada. A preparação da queixa-crime começou de imediato.

Quanto ao homem que, supostamente, precisava de emprego “com bom salário”, e cujo curriculum vitae foi enviado ao presidente da câmara de Gaia na tarde de terça-feira, garante desconhecer completamente o caso. Contactado pelo PÚBLICO, garantiu que já tomara conhecimento do uso do seu nome e que iria, ainda esta quarta-feira, apresentar uma queixa na polícia. Além disso, garantiu, alguns dos factos que constam do curriculum, como o de ter frequentado o Instituto Superior de Engenharia do Porto ou de trabalhar, desde 2011, na RTP, “não correspondem à verdade”.

No post que deixou no Facebook refere-se ao pedido de emprego para as Águas de Gaia como “tradições” e, depois de dar conta da auditoria às telecomunicações da câmara, deixa um aviso, em tom irónico: “Pela minha parte, prefiro ser contactado para comprar uma fritadeira ou um aspirador!”.