O cinema nunca fez tanto dinheiro em todo o mundo como em 2015
Pela primeira vez na história, as receitas brutas de bilheteira globais ultrapassaram os 34,8 mil milhões de euros. Em Portugal e nos EUA, o ano foi de recuperação graças aos blockbusters e aos franchises.
Há um ano, a história escrevia-se num tom diferente: as bilheteiras dos EUA e de Portugal contraíam-se, com menos receitas e menos espectadores para o cinema mundial. Mas 2015 foi não só um ano de recuperação como um ano de recordes. Pela primeira vez na história do cinema, as receitas brutas de bilheteira de todo o mundo ultrapassaram os 34,8 mil milhões de euros e houve mais gente nas salas americanas e chinesas, os dois maiores mercados do mundo, e também nos cinemas portugueses.
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Há um ano, a história escrevia-se num tom diferente: as bilheteiras dos EUA e de Portugal contraíam-se, com menos receitas e menos espectadores para o cinema mundial. Mas 2015 foi não só um ano de recuperação como um ano de recordes. Pela primeira vez na história do cinema, as receitas brutas de bilheteira de todo o mundo ultrapassaram os 34,8 mil milhões de euros e houve mais gente nas salas americanas e chinesas, os dois maiores mercados do mundo, e também nos cinemas portugueses.
Segundo dados da empresa Rentrak, que mede os resultados de bilheteiras em todo o mundo, “2015 é o ano com maiores ganhos nas bilheteiras globais na história do cinema”. E tudo se deve, como é habitual, à força dos blockbusters e em particular dos franchises cinematográficos. Com um detalhe: “um alinhamento incrivelmente forte de filmes inspirou os públicos de todo o mundo a afluirem aos cinemas em 2015”, escreve a Rentrak em comunicado.
Os grandes responsáveis são, por ordem decrescente, Mundo Jurássico (1,4 mil milhões de euros de receitas), Velocidade Furiosa 7 (1,3 mil milhões de euros), Os Vingadores: A Era de Ultron (1,2 mil milhões), Star Wars: O Despertar da Força (que segundo a Rentrak atingiu os 1,19 mil milhões de euros de receitas brutas até 31 de Dezembro) e o filme de animação Mínimos (o filme mais visto de 2015 em Portugal e que globalmente arrecadou mil milhões de euros, dos quais 4,7 milhões no mercado português). Segundo nota a revista Variety, é a primeira vez que num só ano cinco filmes estão acima dos mil milhões de euros de receitas.
Para o analista da Rentrak Paul Dergarabedian, citado no comunicado da empresa norte-americana, “a importância do mercado internacional para o sucesso geral dos estúdios, do negócio da exibição e dos próprios filmes” é essencial para os resultados-recorde do ano – e, sublinha, para atestar a prevalência “da experiência partilhada nas salas” que são as idas ao cinema. Com as receitas anuais dos EUA a chegarem aos 11 mil milhões de dólares – mais 6,3% do que no ano de quebra que foi 2014 – e o contínuo crescimento da venda de bilhetes na China (quase duplicando os resultados do ano passado com 6,2 mil milhões de euros de receitas brutas), só mesmo a desvalorização de moedas como o euro ou do rublo impediu ainda melhores resultados para os filmes do grande produtor mundial, os EUA.
Outra tendência se nota nas contas de final de ano: a concentração. Os lucros e os espectadores alimentam-se de um punhado de títulos, com a Variety a assinalar que 35% das vendas de bilhetes de todo o ano no mercado norte-americano dizem respeito aos dez filmes mais vistos no país (em 2014, os dez mais valeram apenas um quarto da quota de mercado).
O fenómeno Star Wars
Em Portugal, e com os números finais do ano ainda por apurar e divulgar por parte do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), 2015 é já um ano de forte recuperação: até ao final de Novembro, mais de 2,2 milhões de espectadores regressaram aos cinemas portugueses, interrompendo assim a tendência descendente da última década. Os filmes mais vistos até 16 de Dezembro foram Mínimos, Velocidade Furiosa 7, O Pátio das Cantigas de Leonel Vieira (o filme português mais visto desde 1975) e As Cinquenta Sombras de Grey, que já tinham contribuído para que, depois desse pior ano de toda a década que foi 2014, houvesse recuperações nas receitas e no número de espectadores superiores a 20%.
Até Novembro, 12,8 milhões de espectadores foram ao cinema em Portugal, contra os 10,6 milhões no período homólogo de 2014, segundo dados do ICA. O box office português representou em Dezembro de 2014 1,4 milhões de bilhetes vendidos em Portugal (e 7,6 milhões de euros de receitas brutas). Os dados provisórios do ICA indicam já que para as receitas de Dezembro de 2015 contribuíram Star Wars: O Despertar da Força (que fez entre a sua estreia, no dia 17, e até 27 de Dezembro 1,9 milhões de euros de receitas em Portugal) e vendas superiores a 1,6 milhões de euros de ingressos para filmes estreados no mês festivo como Hotel Transylvania 2, Snoopy e Charlie Brown – Peanuts: O Filme, No Coração do Mar, Só Podiam Ser Irmãs ou O Principezinho. O remake de O Leão da Estrela, o final da saga Hunger Games ou a animação de A Viagem de Arlo engrossam também as contas de final de ano das bilheteiras portuguesas.
O filme Star Wars realizado por J.J. Abrams é um dos fenómenos (expectáveis) de bilheteira do final de 2015 e continua a bater recordes mundo fora. Até domingo, 3 de Janeiro, era já o sexto filme mais rentável de sempre: os seus 1,3 mil milhões de euros de receitas em todo o mundo aproximam-no muito dos números do dono do pódio desde 2009/10, Avatar (2,4 mil milhões de euros de receitas mundiais); foi também o filme mais rentável do ano no Reino Unido, por exemplo. Entretanto, os números podem e devem crescer: o sétimo filme da saga criada por George Lucas em 1977 ainda não se estreou na China, onde só aterra no dia 9...