Arábia Saudita corta relações diplomáticas com o Irão
Riad dá 48 horas para os diplomatas e outro pessoal ligado às entidades da república islâmica abandonem o país.
O reino da Arábia Saudita anunciou o corte das relações diplomáticas com o Irão e deu um prazo de 48 horas para que o pessoal da missão diplomática e de todas as restantes entidades ligadas à república islâmica abandonem o país.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O reino da Arábia Saudita anunciou o corte das relações diplomáticas com o Irão e deu um prazo de 48 horas para que o pessoal da missão diplomática e de todas as restantes entidades ligadas à república islâmica abandonem o país.
A decisão foi justificada com riscos para a segurança nacional, após a reacção do Irão à execução pela Arábia Saudita de um líder religioso xiita, Nimr al-Nimr, detido em 2012 e condenado por terrorismo. Através de um porta-voz, o Governo de Teerão disse que Riad “vai pagar caro” pela sua decisão. No Twitter, o ayatollah Ali Khamenei, supremo líder do Irão, escreveu que “o despertar não pode ser reprimido”.
“A Arábia Saudita está determinada em não deixar o Irão pôr em causa a segurança nacional”, respomdeu o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Adel al-Jubeir, citado pela Reuters. Em conferência de imprensa, o governante disse que a invasão da embaixada saudita em Teerão, na noite de sábado, representava uma escalada inaceitável.
“A história do Irão está repleta de exemplos negativos de hostilidade e interferência nas questões árabes, sempre acompanhadas de destruição”, considerou.
A embaixada da Arábia Saudita em Teerão foi tomada por uma multidão enfurecida, que conseguiu a atear o fogo ao edifício, deixando-o parcialmente destruído. Depois do assalto, o local foi evacuado, e segundo o chefe da diplomacia saudita, permanecerá encerrado. Todo o pessoal está já a caminho da Arábia Saudita, acrescentou.
Além do Irão, de maioria xiita, também o Iraque respondeu com protestos à notícia da execução do imã Nimr al-Nimr pelo reino sunita. O sheik xiita era um crítico feroz dos regimes monárquicos da Arábia Saudita e do Bahrein, e a sua detenção foi objecto de censura por parte das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um pedido de clemência ao rei Salman, que recusou interferir com o processo judicial.
Os últimos desenvolvimentos diplomáticos revelam até que ponto as posições dos dois grandes inimigos sunita e xiita estão extremadas. O Irão e a Arábia Saudita estão envolvidos num braço-de-ferro pela supremacia regional, com os dois regimes a apoiarem lados opostos nas guerras da Síria e do Iémen.
O Departamento de Estado norte-americano lamentou os últimos desenvolvimentos e a “exacerbação das tensões sectárias” num momento crucial, em que se exigem precisamente “acções urgentes para reduzir as hostilidades”.