Prestação da casa vai continuar a baixar em 2016

Bancos terão de suportar uma parte dos juros na maioria dos empréstimos da casa.

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Euribor a seis meses teve uma queda acentuada ao longo do ano Pedro Cunha

As taxas Euribor a três e seis meses, as mais utilizadas nos empréstimos à habitação em Portugal, terminaram o ano em terreno negativo, um patamar em que deverão permanecer ao longo de 2016. Mas o reflexo destas taxas na prestação mensal é cada vez menor.

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As taxas Euribor a três e seis meses, as mais utilizadas nos empréstimos à habitação em Portugal, terminaram o ano em terreno negativo, um patamar em que deverão permanecer ao longo de 2016. Mas o reflexo destas taxas na prestação mensal é cada vez menor.

A previsão do BPI para a evolução da Euribor a três meses aponta para uma estabilização nos actuais valores (-0,132%) até Junho, subindo ligeiramente nos seis meses seguintes, mas terminando o ano ainda em terreno negativo de - 0,1%. O banco não faz estimativas para a Euribor a seis meses, mas esta, actualmente em -0,041%, deve terminar o ano encostada a zero, dada a diferença entre os dois prazos.

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Em declarações ao PÚBLICO, Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, admite que “os valores mínimos das taxas poderão ter sido alcançados”, esperando-se assim uma estabilização nos próximos seis meses. A ligeira subida no segundo semestre deverá reflectir os efeitos das diversas medidas do Banco Central Europeu (BCE), que visam a normalização do mercado de crédito e o consequente financiamento à economia, explica a economista.   

O impacto da queda das taxas na prestação da casa é cada vez menor, uma vez que a subida da componente de amortização compensa uma parte da redução dos juros. No entanto, esta situação é positiva para os detentores de empréstimos, porque reduz mais rapidamente o montante de capital em dívida.

Tal como já aconteceu em 2015, os bancos continuarão a suportar uma parte dos juros na quase totalidade dos contratos, uma vez que terão de descontar os valores negativos (das taxas a três e a seis meses) nos spreads ou margem comercial do banco, que integram a taxa de juro final.

Ao longo de todo o ano de 2015, a Euribor a três meses passou de um valor médio em Dezembro de 2014 de 0,082% para - 0,122% (média do último mês menos uma sessão). Esta taxa está em terreno negativo desde 21 de Abril. De acordo com uma simulação do PÚBLICO, a redução na prestação de um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 0,7%, foi de apenas 13,58 euros.

Na Euribor a seis meses, negativa a 6 de Novembro, a queda ao longo do ano foi menor, mas o impacto na redução da prestação é semelhante. A média da Euribor a seis meses estava em Dezembro de 2014 em 0,177% e no último mês fixou-se em -0,044%.

Os empréstimos a rever em Janeiro utilizarão a média mensal da Euribor a três meses Dezembro e vão corresponder, segundo uma simulação do PÚBLICO, a uma prestação de 453,94 euros. Nesta prestação, a fatia correspondente a amortização de capital ascende a 381 euros e a de juros apenas a 72,25 euros.

A queda da Euribor é positiva para as famílias e empresas com empréstimos associados a estas taxas, mas é negativa para quem tem poupanças associadas a este indexante, como os Certificados de Aforro e outros depósitos bancários. A rentabilidade da maioria dos depósitos a prazo tem como referência as taxas do crédito e isso explica que a remuneração de muitas aplicações nos bancos seja muito reduzida ou mesmo de zero.

De acordo com dados da Deco/Proteste, a taxa média para um depósito de cinco mil euros, a 12 meses está em 0,3%.

A queda das taxas Euribor é explicada pela política monetária do BCE, que tem a sua taxa directora encostada a zero e tem outras, como a dos depósitos, em valores negativos, como forma de contrariar os depósitos na instituição e estimular a concessão de crédito às economias da zona euro.