Amanhã
Nós não mudamos, 2016. Mas tu vais tentar mudar-nos.
Com que então é amanhã que começas tu, 2016... Diz-nos lá que gracinhas é que estás a preparar para a gente, vá.
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Com que então é amanhã que começas tu, 2016... Diz-nos lá que gracinhas é que estás a preparar para a gente, vá.
Que tragédias novinhas tens tu na manga? Com que esperados e inesperados horrores tencionas tu fazer-nos desejar que acabes depressa e deixes avançar o raio do ano de 2017?
Caso se repetissem as desgraças de 2015 estaríamos nós mais preparados para impedi-las, minimizá-las ou aprender fosse o que fosse com elas? Ou não?
Porque não aprendemos já que o futuro nunca chega a acontecer e que basta ir aos jornais do fim de 1915 ou 1965 para percebermos que o presente é ainda mais difícil de sacudir do que o passado?
Nós não mudamos, 2016. Mas tu vais tentar mudar-nos. Vais-nos dar até a sensação de estarmos sempre a mudar, como se fôssemos capazes de acompanhar os acontecimentos que nos caem em cima ou, se tivermos boa sorte, ao lado.
Não serás tu, ano novo só de nome, que nos protegerás da indiferença, do egoísmo e da mania que temos razão e que sabemos o que andamos aqui a fazer.
Não poderíamos trocar as tuas cada vez menos aliciantes incertezas por uma simples repetição de dois ou três momentos bons de 2015? Ou um até? Ou nenhum?
Cada vez a novidade encanta-nos mais durante um tempo cada vez mais pequeno. Com cada ano que passa a novidade engana-nos menos. E aproxima-nos mais da verdade que mais temíamos: a nossa.
Começa lá tu então amanhã, 2016. Não queiras fingir que começamos contigo. E, enquanto puderes, deixa-nos em paz.