A ficção de um terrorismo “apátrida”
Uma proposta está a dividir a opinião pública francesa: a retirada da nacionalidade aos cidadãos com duplo passaporte que estejam envolvidos em actos terroristas. Defendida por Hollande e Valls e aplaudida por Marine Le Pen, integra-se num pacote de medidas de excepção anunciadas após os atentados de 13 de Novembro. Se se encara tal medida como punição, não funcionará: um assassino mata independentemente do passaporte. Mas se se trata de tornar um terrorista, mesmo nascido em França, “estrangeiro” ou “apátrida” por comodidade de consciência, é um erro. Mais do que fingir que não há franceses capazes de actos hediondos, talvez a França devesse antes reflectir sobre o que leva cidadãos seus a tornarem-se cultores e veículos de tal ódio. E cumpre-lhe julgá-los e puni-los como franceses, não os disfarçando de “estrangeiros” só para amaciar as estatísticas; ou agradar aos que em cada estrangeiro vêem um criminoso.
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Uma proposta está a dividir a opinião pública francesa: a retirada da nacionalidade aos cidadãos com duplo passaporte que estejam envolvidos em actos terroristas. Defendida por Hollande e Valls e aplaudida por Marine Le Pen, integra-se num pacote de medidas de excepção anunciadas após os atentados de 13 de Novembro. Se se encara tal medida como punição, não funcionará: um assassino mata independentemente do passaporte. Mas se se trata de tornar um terrorista, mesmo nascido em França, “estrangeiro” ou “apátrida” por comodidade de consciência, é um erro. Mais do que fingir que não há franceses capazes de actos hediondos, talvez a França devesse antes reflectir sobre o que leva cidadãos seus a tornarem-se cultores e veículos de tal ódio. E cumpre-lhe julgá-los e puni-los como franceses, não os disfarçando de “estrangeiros” só para amaciar as estatísticas; ou agradar aos que em cada estrangeiro vêem um criminoso.