O grande desafio do CDS na era pós-Portas
O CDS-PP precisa, para segurar o seu eleitorado, de recuperar causas e descolar do PSD.
Foram 15 anos, com dois de intervalo pelo meio. Paulo Portas é o líder partidário em Portugal que está há mais tempo em funções. Chegou a presidente do CDS-PP em 1998, no Congresso de Braga, e só deixou a liderança do partido por um breve período, de 2005 a 2007, altura em que José Ribeiro e Castro assumiu a presidência. E enquanto Paulo Portas justifica agora a sua decisão de não se candidatar à liderança com a necessidade de o partido se renovar e abrir um novo ciclo, Ribeiro e Castro diz que o actual ciclo “já está em velocidade de cruzeiro”, concluindo que Portas "não pode virar costas e ir-se embora".
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Foram 15 anos, com dois de intervalo pelo meio. Paulo Portas é o líder partidário em Portugal que está há mais tempo em funções. Chegou a presidente do CDS-PP em 1998, no Congresso de Braga, e só deixou a liderança do partido por um breve período, de 2005 a 2007, altura em que José Ribeiro e Castro assumiu a presidência. E enquanto Paulo Portas justifica agora a sua decisão de não se candidatar à liderança com a necessidade de o partido se renovar e abrir um novo ciclo, Ribeiro e Castro diz que o actual ciclo “já está em velocidade de cruzeiro”, concluindo que Portas "não pode virar costas e ir-se embora".
Independentemente da leitura sobre a fase do ciclo político em que nos encontramos, a decisão de Portas abre sem dúvida uma nova etapa na vida do CDS-PP. E são nesta altura três os grandes desafios que enfrenta o partido.
Primeiro, lidar com o problema de separar a imagem do partido da de Paulo Portas, que nos últimos anos fez o CDS-PS à sua imagem e moldado à sua personalidade.
E depois de quatro anos numa coligação de governo com o PSD, e após umas eleições em que os centristas concorreram em coligação com os sociais-democratas, o CDS-PP precisa, para sobreviver junto do seu eleitorado, de recuperar causas, reganhar uma agenda e recuperar um discurso político próprio. A votação contra o Orçamento Rectificativo devido ao Banif, à revelia da abstenção do PSD, já é uma tentativa de descolar.
Naturalmente que o maior dos desafios para o partido será o processo de sucessão. A forma esdrúxula que Portas escolheu para lançar os potenciais sucessores – numa espécie de primárias no Parlamento em que o líder abdica do palco nos debates quinzenais para o ceder a meia dúzia de deputados previamente escolhidos – está a criar anticorpos e agitação no partido. E Portas sabe, ou devia saber, desde esse tal congresso ganho por Ribeiro e Castro, que uma coisa é o que deseja o líder e outra é o que querem os militantes.