OPPIA, uma casa onde a fotografia e o cinema dispensam pixéis
Novo projecto no Porto aposta em exposições, projecções e na formação em Pinhole, fotografia à La Minute e no filme em Super8mm.
Antes que o ano feche, a OPPIA abre as portas. A Oporto Picture Academy é a concretização de um projecto de Cristiano Pereira, cultor de velhas, mas nem por isso gastas, formas de fotografar e filmar. Quem gosta de Pinhole, fotografia à la minuta ou das películas em Super8mm vai passar a frequentar, já a partir desta quarta-feira, o n.º 228 da Rua Barão de São Cosme, nada longe do Campo 24 de Agosto e da Faculdade de Belas Artes.
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Antes que o ano feche, a OPPIA abre as portas. A Oporto Picture Academy é a concretização de um projecto de Cristiano Pereira, cultor de velhas, mas nem por isso gastas, formas de fotografar e filmar. Quem gosta de Pinhole, fotografia à la minuta ou das películas em Super8mm vai passar a frequentar, já a partir desta quarta-feira, o n.º 228 da Rua Barão de São Cosme, nada longe do Campo 24 de Agosto e da Faculdade de Belas Artes.
Cristiano Pereira já andou de carrinha, por universidades europeias, a mostrar cinema em super8 e 16 mm made in Porto, para espanto dos estudantes e professores estrangeiros. Eram os tempos das aulas na ESAP, onde cursou cinema e teatro e onde se estreou a fazer Pinholes, técnica que foi aperfeiçoando com mestria. É dele, por isso, uma das duas primeiras exposições patentes na sua OPPIA – Sol à sombra – que percorre paisagens reconhecíveis por quem frequente a cidade a que está a regressar, depois de quase uma década a dar aulas pelas Terras de Basto.
A OPPIA ocupa dois pisos – e o logradouro – de uma casa comum na rua Barão de São Cosme. Na falta de um qualquer néon espampanante a alertar os transeuntes, a cortina de filmes que decora a janela do rés-do-chão do n. 228 diz-nos que não há dúvidas. É ali. Lá dentro, uma grande câmara descansa de um Verão passado na Ribeira de Gaia, a deliciar turistas e avós com as suas fotos à la minuta. Agora vai servir para as acções de formação nesta técnica, que Cristiano Pereira vai organizar na academia sem os artifícios que ele um dia viu no Brasil, onde uma enorme caixa ocultava, por dentro, uma câmara digital e a respectiva impressora.
Numa cidade com várias casas, como a Câmaras e Companhia, a Máquinas de Outros Tempos ou o Sítio do Cano Amarelo ou a apostar actualmente na fotografia dita “analógica” e no cinema em formatos como o 8mm ou o super8, Cristiano Pereira quer também explorar as ligações históricas do Porto a estas formas de expressão. Ou não fosse esta, insiste, uma das primeiras cidades do mundo onde se começou a filmar – graças a Aurélio da Paz dos Reis, que em 1896 gravou a Saída dos Operários da Fábrica Confiança a 750 metros dali, na Rua de Santa Catarina. No Porto, acrescenta, instalaram-se, nesses tempos, excelentes casas de fotografia, pela mão de Domingos Alvão, na mesma rua comercial, ou do alemão Emílio Biel, que ocupou o Palácio do Bolhão, na Rua Formosa, hoje reabilitado pela Academia Contemporânea do Espectáculo.
Cristiano Pereira também já andou a dar vida a edifícios históricos. Há uma década levou ao Batalha – uma das grandes casas da arquitectura moderna e do cinema no Porto, actualmente fechada – o seu Festival Internacional de Cinema Super8mm, o Douro Filme Festival. Que agora vai passar a realizar-se na OPPIA, com transmissões pela internet. Na academia, quinzenalmente, e aos sábados, haverá projecção de filmes naquele formato, aproveitando um extenso arquivo que acumulou ao longo dos anos. O fundador espera activar neste espaço o gosto pelas sessões de filmes de família, autenticas relíquias da vida privada, e social, do Porto de outros tempos.
A proximidade da Faculdade de Belas Artes, o repovoamento da envolvente à OPPIA, que se vai notando, e o boom turístico que a cidade atravessa justificam em parte desta aposta de Cristiano Pereira, que há uns anos organizou sessões de super8mm em tascos e cafés de bairro, iluminando as noites de muita gente. Ele que sabe também que há um público, ainda que de nicho, para as formas de fazer fotografia e cinema que quer explorar aqui. Para o ano de arranque, promete eventos específicos em torno do Dia Mundial da Fotografia Pinhole (24 de Abril), do Dia Mundial da Fotografia (19 de Agosto) e do Dia Mundial do Super8mm, a 24 de Outubro, data que marcará o regresso do Douro Filme festival e um evento de projecções sequenciais em vários países.
A aventura começa esta quarta-feira, com a inauguração na galeria Lua, das suas pinholes, Sol à Sombra e, noutra parte do espaço, a que chamou Galeria Sol, de Os Retratos dos Poetas das Quintas de Leitura por Pat, de Patrícia Vieira Campos, às 18h30. De seguida, a tela desce para as primeiras projecções de filmes. Quem aparecer terá também oportunidade de descer até à cave, onde o espaço está arranjado para permitir acções de formação, com uma área destinada à revelação de filmes, bancada de trabalho e pequena biblioteca temática. Cristiano Pereira espera que as oficinas que deverão arrancar já em Janeiro resultem em projectos que, bem conseguidos, acabarão expostos no piso de cima.