Cortes na saúde levam candidatos a atacarem Marcelo pela ligação ao PSD

Candidatos começam a usar discursos mais críticos ao falarem dos seus concorrentes – e o mais atacado é Marcelo Rebelo de Sousa. Esta segunda-feira é feito o sorteio da ordem nos boletins de voto.

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A pré-campanha eleitoral para as presidenciais entrou por estes dias numa nova fase, com os candidatos a começarem a fazer críticas directas uns aos outros. O caso da morte de um jovem no Hospital de S. José trouxe para o discurso político as condições das urgências nos hospitais lisboetas mas também o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em geral. Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Edgar Silva e Marisa Matias apressaram-se a falar do caso e a lançar culpas.

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A pré-campanha eleitoral para as presidenciais entrou por estes dias numa nova fase, com os candidatos a começarem a fazer críticas directas uns aos outros. O caso da morte de um jovem no Hospital de S. José trouxe para o discurso político as condições das urgências nos hospitais lisboetas mas também o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em geral. Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Edgar Silva e Marisa Matias apressaram-se a falar do caso e a lançar culpas.

Sampaio da Nóvoa acusou este domingo Marcelo de ter justificado e apoiado, nos últimos anos, as políticas de austeridade do anterior Governo PSD/CDS-PP, como os cortes na saúde. Depois de ter dito, no sábado à noite, em entrevista à TVI, que "foi alertando, ao longo dos últimos anos, para a degradação dos serviços públicos e isso foi feito perante muita gente que se calou", hoje, em Évora, esclareceu que se referia "a várias pessoas, mas também a Marcelo Rebelo de Sousa".

"Nos seus comentários, mês após mês, semana após semana, [Marcelo] sempre justificou estas políticas de austeridade, nomeadamente no que diz respeito aos cortes no SNS, e apoiou sempre as políticas do anterior ministro da Saúde, Paulo Macedo, em todos os seus comentários", afirmou falando da “cumplicidade” entre Marcelo e o Governo PSD/CDS. “Não é fácil imaginar que a pessoa possa agora lavar as mãos como se não tivesse nenhuma responsabilidade também nesta matéria", acrescentou.

Também Maria de Belém defendeu este domingo que "os cortes na saúde não podem ser acríticos" e que dar prioridade aos equilíbrios financeiros nesta área pode pôr em causa o tratamento urgente de doentes. “Têm que ser cortes naquilo que não faz falta ou naquilo que está a ser mal gasto, nunca naquilo que tem de ser posto ao serviço dos cidadãos", afirmou a candidata aos jornalistas, durante uma visita à feira da Brandoa (Amadora), e um dia depois de Marcelo visitar a urgência do São José. No sábado à tarde, Marcelo defendeu ser necessário apurar “o que correu mal em termos políticos e organizativos” naquela instituição hospitalar e recusou poupanças na saúde.

Sem querer pronunciar-se sobre a morte do homem de 29 anos, alegadamente por falta de neurocirurgiões ao fim-de-semana, Maria de Belém defendeu que "priorizar equilíbrios financeiros, sobretudo através de uma lei [dos compromissos] que assaca responsabilidades financeiras a quem está à frente das instituições se não cumprir determinados procedimentos, pode pôr em causa aquilo que é muito importante nas instituições, que é estarem preparados para as emergências e para as urgências".

"Quando nos entra pela porta dentro uma pessoa em risco de vida nós não podemos ir ver se há cobertura orçamental, temos de a tratar", afirmou a socialista que foi ministra da Saúde no Governo de Guterres, acrescentando ser preciso ter os meios e os serviços preparados. "Vivemos na Europa, num país desenvolvido, que tem e deve continuar a ter um SNS excelente”, disse Maria de Belém, que também deixou a ideia de que as políticas de aposentação dos médicos estarão a conduzir a "desequilíbrios na distribuição de recursos humanos".

Cumplicidades com o poder e a banca
Já no sábado, Marisa Matias havia dito ser “incompreensível” que Marcelo se mostre preocupado com os efeitos dos cortes orçamentais na saúde, tendo ele apoiado o Governo anterior, que foi o responsável por essa política. A bloquista lembrou que os cortes na saúde e os seus efeitos no serviço prestado, nomeadamente mortes de doentes, “foram denunciados há muito tempo, por muita gente, não são novidade, infelizmente".

Quem também atacou directamente Marcelo foi o candidato apoiado pelo PCP. Edgar Silva considerou que o antigo líder do PSD não se pode afirmar “independente” porque “sempre esteve de braço dado” com Cavaco Silva e com os “grandes banqueiros” de Portugal, referindo-se ao facto de Marcelo passar férias com Ricardo Salgado. Disse que o seu concorrente está “completamente ligado a todos os grandes interesses da alta finança”, tal como sempre esteve ligado “umbilicalmente (...) a tudo o que de pior o PSD e o CDS impuseram nas políticas de direita, nas políticas de terrorismo social que impuseram a Portugal ao longo destes anos".

Os debates televisivos entre os candidatos presidenciais começam no dia de Ano Novo e esta segunda-feira (às 16h) o presidente do Tribunal Constitucional faz o sorteio da ordem das candidaturas no boletim de voto, antes mesmo de estar concluído a análise dos processos para ver quais os candidatos que reúnem efectivamente todas as condições legais exigíveis.