A Lusofonia: algo de “elitista”?
A Lusofonia é a melhor forma de inserção de todos esses países numa plataforma global.
No final do mês de Novembro do corrente ano, fui convidado, enquanto Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono e Director da NOVA ÁGUIA: Revista de Cultura para o Século XXI, para participar no Congresso “Ensino Superior e Lusofonia”, promovido pelo ISMAI: Instituto Universitário da Maia, em que participaram igualmente representantes das mais diversas Universidades do espaço lusófono.
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No final do mês de Novembro do corrente ano, fui convidado, enquanto Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono e Director da NOVA ÁGUIA: Revista de Cultura para o Século XXI, para participar no Congresso “Ensino Superior e Lusofonia”, promovido pelo ISMAI: Instituto Universitário da Maia, em que participaram igualmente representantes das mais diversas Universidades do espaço lusófono.
Para além dessa reflexão conjunta sobre o assaz diverso panorama do Ensino Superior em cada um dos países do espaço lusófono, houve ainda lugar para outras intervenções, desde logo ao nível da cooperação humanitária. Uma delas foi particularmente impressiva: deu conta do muito meritório trabalho de uma ONG portuguesa no interior da Guiné-Bissau, em zonas de grande penúria, onde, como se salientou, não se fala, de todo, a língua portuguesa.
No debate que se seguiu à sessão, houve quem quisesse concluir que, face a essas realidades, a Lusofonia era algo de “elitista”, ou seja, algo de confinado às grandes cidades, ou nem sequer isso: algo apenas confinado a algumas classes sociais mais urbanas. Essa é, de resto, falamos pela nossa experiência, uma das estratégias mais recorrentes de desqualificação da Lusofonia e que, dado o seu cariz demagógico (como se matar a fome fosse uma função da língua…), consegue sempre ter algum efeito. Nestes nossos tempos, nada como usar o epíteto “elitista” como arma de arremesso para conseguir a concordância da(s) assistência(s).
Tal arma é porém, como já se disse, particularmente demagógica. É verdade que na Guiné-Bissau, como noutros países de língua portuguesa – não só em África: refira-se o exemplo de Timor-Leste –, a língua portuguesa é ainda apenas falada realmente por uma minoria da população. Isso deve-se a várias razões: no caso de Timor-Leste, houve uma tentativa de genocídio linguístico e cultural por parte da Indonésia; no caso de alguns PALOP, isso é desde logo explicável pelas várias guerras civis, que atrasaram a criação de redes de ensino.
Mais do que para as realidades – que todos conhecemos –, deveremos porém olhar para as tendências. E, quanto a estas, é insofismável que o ensino da língua portuguesa se está a alargar em todos esses países. E não, saliente-se, por vontade de Portugal, que pouco, de resto, tem feito por isso. São os próprios Governos de todos esses países que têm feito essa aposta estratégica. Por razões internas e externas. Internamente, por compreenderem que a língua portuguesa será, cada vez mais, um dos maiores factores de coesão nacional. Externamente, por entenderem que a Lusofonia é a melhor forma de inserção de todos esses países numa plataforma global. Eis o que, a este respeito, mais importa salientar.
Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono, www.movimentolusofono.org