Costa avisa que há um “tempo novo” mas o caminho não será fácil

Primeiro-ministro deixou uma mensagem de Natal baseada na ideia da confiança, prometeu manter a redução do défice e da dívida e apelou ao diálogo e ao compromisso entre todos os portugueses, como o alcançado pelos partidos à esquerda.

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António Costa estreou-se como primeiro-ministro nas mensagens de Natal aos portugueses pela televisão Enric Vives-Rubio

Um “tempo novo”, de “esperança” e de “confiança” – é assim que António Costa quer olhar para 2016, crente que a solução governativa que encontrou, com o apoio inédito do resto da esquerda, conseguirá dar “resposta às necessidades do país” funcionando na base do “diálogo, da transparência e do compromisso”. Mas o primeiro-ministro também avisa que o caminho que Portugal tem pela frente “não será fácil”, uma vez que enfrentamos “enormes desafios” e teremos “muitos obstáculos a ultrapassar”.

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Um “tempo novo”, de “esperança” e de “confiança” – é assim que António Costa quer olhar para 2016, crente que a solução governativa que encontrou, com o apoio inédito do resto da esquerda, conseguirá dar “resposta às necessidades do país” funcionando na base do “diálogo, da transparência e do compromisso”. Mas o primeiro-ministro também avisa que o caminho que Portugal tem pela frente “não será fácil”, uma vez que enfrentamos “enormes desafios” e teremos “muitos obstáculos a ultrapassar”.

Na sua estreia nas mensagens televisivas de Natal como primeiro-ministro, António Costa mostrou-se confiante que a mudança política operada recentemente no país “permitirá virar a página da austeridade” e colocá-lo no “caminho do crescimento”, depois de um ano que “ainda impôs às famílias enormes sacrifícios”.

Lembrou as primeiras medidas de devolução de rendimentos aprovadas pelo Parlamento e pelo novo Governo – como a reversão de cortes salariais e de pensões e aumento do salário mínimo – e defendeu que só com “mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade” o país poderá preparar-se para enfrentar os tais desafios difíceis do futuro. Garantindo estar “empenhado” neste triplo desígnio, apelou também à “união, solidariedade e mobilização” dos portugueses – como já aconteceu a nível político. “A nossa capacidade colectiva tornará possível a construção de um tempo novo para Portugal. Um tempo novo que traga crescimento e prosperidade”, acredita António Costa.

O governante não esqueceu o seu caderno de encargos: prometeu procurar manter a “consolidação sustentada das finanças públicas”, através de uma trajectória de redução do défice orçamental e da dívida pública. Porém, “para retomar o caminho do progresso e superar a crise orçamental, será fundamental uma estratégia de modernização da economia assente no investimento na cultura, na ciência e na educação como pilares-chave de desenvolvimento do país”.

“Como ficou provado pelos acontecimentos recentes na nossa democracia, temos confiança que, pelo diálogo, pela transparência e pelo compromisso, atingiremos uma plataforma comum que dê resposta às necessidades do país, com vista ao relançamento da economia e à geração de emprego”, disse o primeiro-ministro. “É, pois, uma mensagem de confiança num futuro melhor – para todos os portugueses, de todas as gerações – que quero deixar nesta quadra natalícia. O espírito de comunhão, serenidade e esperança que caracterizam esta época serão fundamentais para vencermos os desafios que temos pela frente”, vincou ainda António Costa.

Recordando que em 2016 se assinalam os 40 anos da Constituição, os 30 de adesão à então CEE e os 20 anos da CPLP, o chefe do Governo considerou que é a ocasião ideal para reafirmar “compromissos fundamentais” com a própria identidade do país, entre os quais está a contribuição para o projecto europeu.

Na sua curta mensagem, o primeiro-ministro não esqueceu os emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, com uma referência especial aos que deixaram o país nos últimos anos por não terem trabalho aqui e a quem garantiu que o Governo está “empenhado em criar condições para que possam querer regressar”; os refugiados que Portugal acolheu recentemente como “expressão da solidariedade concreta” com que o país e a União Europeia devem tratar os que neles procuram protecção; os elementos das Forças Armadas e das forças de segurança que estão em missões no estrangeiro e os voluntários em projectos humanitários.

Por seu lado, Pedro Passos Coelho afirmara na quinta-feira, na sua mensagem de Natal enquanto presidente do PSD, que “é altura de deixar governar aqueles que quiseram assumir essas responsabilidades, dando-lhes tempo para que afirmem as suas políticas e contribuam para resolver os problemas mais relevantes”. Prometeu que, enquanto líder da oposição, terá uma atitude “responsável e construtiva”, mas preveniu que o futuro “nunca é feito apenas de facilidades para ninguém”.