Líder de um dos principais grupos armados na Síria morto em bombardeamento

Zahran Alloush chefiava o grupo salafista mais bem armado e treinado nos subúrbios de Damasco. A sua morte pode alterar a composição das negociações nas Nações Unidas para a paz na Síria.

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Alloush comandava dezenas de milhares de combatentes. Morreu com cinco outros líderes do grupo. Bassam Khabieh/Reuters

O líder de um dos mais poderosos grupos islamistas na Síria morreu nesta sexta-feira, ao ser atingido por um ataque aéreo no momento em que reunia com outros altos responsáveis oposicionistas, nos subúrbios de Damasco.

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O líder de um dos mais poderosos grupos islamistas na Síria morreu nesta sexta-feira, ao ser atingido por um ataque aéreo no momento em que reunia com outros altos responsáveis oposicionistas, nos subúrbios de Damasco.

Zahran Alloush chefiava o grupo radical Jaysh al-Islam, que controla uma parte importante dos subúrbios da capital síria, como os bairros altamente populosos do Leste de Ghouta. O número dois do grupo e outros quatro comandantes morreram também no bombardeamento, de acordo com a AFP.

A notícia foi avançada pelo exército sírio e mais tarde confirmada pelos rebeldes islamistas. O Jaysh al-Islam (Exército do Islão) tem dezenas de milhares de combatentes e está mais bem armado e treinado do que outros grupos naquela zona. Isto inclui o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, que esta semana assinaram um acordo inédito com o Governo de Bashar al-Assad para abandonarem as suas posições perto de Damasco.

Não é certo quem executou o ataque aéreo desta sexta-feira se a aviação de Assad, ou caças russos. Ambos afirmam que o grupo Exército do Islão é uma organização terrorista. Alloush assumia abertamente uma linha sectária para o grupo, sunita e salafista, e reivindicou a perseguição a xiitas. 

Alloush e o Exército do Islão participaram no encontro de facções sírias organizado em Riad, no início deste mês. As negociações — em que pela primeira vez se encontraram dezenas de organizações rebeldes, algumas extremistas e jihadistas — terminaram com uma posição simbólica sobre uma Síria “pluralista, democrática e inclusiva”.

A morte de Alloush e seus sucessores imediatos pode criar disputas internas entre as dezenas de milhares de combatentes do Exército do Islão. Os subúrbios da capital são dos locais mais atingidos pela guerra civil na Síria e onde se registam frequentemente bombardeamentos indiscriminados por parte do regime de Assad.

O acordo nas Nações Unidas sobre um esquema de cessar-fogo para a Síria prevê negociações em Janeiro com membros da oposição a Assad. De acordo com o correspondente da BBC no Líbano, Lina Sinjab, a morte de Alloush pode alterar a composição dos convidados.

“Envia uma mensagem forte sobre com quem os governos russo e sírio estão dispostos a sentarem-se à mesa, no momento — e se — as negociações avançarem”, escreve Sinjab.