A localidade madrilena onde todos governam menos o PP

Arroyomolinos tem 24 mil habitantes e é a terra mais jovem de Espanha, com uma média de idades de 31 anos.

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Os novos partidos beneficiam do voto dos mais jovens Pedro Armestre

Na localidade mais jovem de Espanha já se disse adeus ao bipartidarismo. Chama-se Arroyomolinos e é um município dos arredores de Madrid. Desde as eleições autonómicas e municipais de Maio, o governo é formado pelo Cidadãos (C's) com o apoio do PSOE, do Podemos e do partido local PIA (Partido Independente de Arroyomolinos). Nas urnas venceu o Partido Popular.

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Na localidade mais jovem de Espanha já se disse adeus ao bipartidarismo. Chama-se Arroyomolinos e é um município dos arredores de Madrid. Desde as eleições autonómicas e municipais de Maio, o governo é formado pelo Cidadãos (C's) com o apoio do PSOE, do Podemos e do partido local PIA (Partido Independente de Arroyomolinos). Nas urnas venceu o Partido Popular.

Olhando para as sondagens das legislativas de domingo, pode tomar-se Arroyomolinos como um laboratório – ainda que a nível nacional esteja muito mais em jogo. A verdade é que os inquéritos antecipam uma vitória do PP, de Mariano Rajoy, sem maioria absoluta. A partir daí, é tudo uma incógnita: há sondagens que colocam os socialistas em segundo, mas com o C's muito próximo, outra em que é o Podemos de Pablo Iglesias que morde os calcanhares ao PSOE.

Em Arroyomolinos, com uma média de idades de 31 anos, o PP venceu, elegendo sete conselheiros, seguido do C's com cinco e do Sí Se Puede (coligação cidadã apoiada pelo Podemos), do PIA e do PSOE, todos com três conselheiros e a uma distância de apenas dezenas de votos.

Diferenças tão próximas como esta “reproduzem-se nas localidades espanholas onde predominam os jovens”, escreve o jornal El País. Numa entrevista por ocasião das eleições de Maio, José Pablo Ferrándiz, sociólogo e vice-presidente do instituto de sondagens Metroscopia, dizia ao PÚBLICO que muito do voto que o PP ainda mantém se deve a questões demográficas – conservadores indefectíveis nos costumes e na economia, muitos deles eleitores mais velhos.

Numa sondagem da Metroscopia de Outubro, 67% dos espanhóis disseram preferir que das legislativas saísse um governo de coligação em vez de um com maioria absoluta, como governa actualmente o PP.

“Aqui aprendemos uma lição, as pessoas estavam fartas do bipartidarismo e queriam entendimentos. Não podemos perder tempo em discussões”, afirmou ao El País o novo presidente de Arroyomolinos, Carlos Ruipérez, um perito em segurança laboral que trabalhava na Protecção Civil e se apresentou na lista do C’s.

“Não há razões para confrontos; a nossa função é controlar o que faz a câmara, apresentámos propostas e eles aceitaram-nas”, diz a arqueóloga Verónica García, 36 anos, que entrou na política o ano passado, quando começou a participar nas reuniões do círculo do Podemos, formação que nasceu do movimento de cidadania 15M. Carlos García, o líder dos socialistas locais, professor, já conhecia Ruipérez e gosta de trabalhar com o autarca, que baixou o seu ordenado em 13 mil euros, abdicou de carro oficial e motorista.

Já o líder do PIA, Francisco Ferrero, outro professor, é ex-conselheiro do PP, que abandonou na sequência de vários casos de corrupção que o próprio diz ter denunciado à direcção do partido sem nunca ter obtido respostas.

Para já, a governação em Arroyomolinos é descrita por todos como cordial. Os plenários passaram a ser transmitidos pela Internet e os munícipes que quiseram puderam assistir à aprovação, por unanimidade, de medidas como a diminuição da taxa do lixo ou do imposto municipal sobre imóveis.