A hora da prudência
A crise da banca tem afectado a credibilidade dos políticos, daí a cautela no caso Banif
Enquanto se continua à espera de uma solução para o Banif, que não se sabe se passa pela criação de um fundo para absorver os activos tóxicos ou pela venda total ou parcial da instituição, são já visíveis os efeitos que as crises sucessivas no sistema financeiro nacional estão a desencadear a nível político. Depois do buraco do BPN e da cratera do BES, já ninguém se atreve a dar garantias mais ou menos eloquentes sobre o Banif, um banco pequeno que o Governo de Passos Coelho nacionalizou há três anos e no qual o Estado já injectou 1100 milhões de euros. Prudência é agora a palavra-chave, como provou ontem o Presidente da República, em Aveiro, quando questionado sobre a situação do Banif. “O bom senso e o conhecimento das funções do sistema bancário aconselham muito cuidado nas palavras que se pronunciam em público”, disse Cavaco Silva. Como é evidente, o Chefe de Estado não quer dar qualquer sinal sobre a forma como está a ser gerida a situação no banco para não dar azo às acusações de que foi alvo aquando da crise do BES. Na altura, invocou informações do Banco de Portugal para acalmar a ansiedade de clientes e investidores, mas muitos entenderam as suas palavras como um voto de confiança na solidez do BES. E cobraram-lhe por isso. O assunto tem também exigido a máxima prudência do primeiro-ministro, mas isso não o tem inibido de demonstrar a delicadeza da situação. A prova foi a inesperada realização de uma reunião com todos os partidos, esta semana, em S. Bento. Em cima da mesa esteve, exclusivamente, o dossier Banif e o que de lá saiu resumiu-se a um pacto de silêncio, mas António Costa não se furtou a dar sinais sobre o limite das garantias públicas. A saber: apenas em todos os depósitos e “até ao último cêntimo”. O resto se verá, inclusive o funcionamento do Banco de Portugal que merece “reflexão séria” em “cenário de calma”. A crise está a arrasar o perfil do nosso sistema bancário e expôs as fragilidades do regulador. Costa já percebeu por onde tem de começar.
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Enquanto se continua à espera de uma solução para o Banif, que não se sabe se passa pela criação de um fundo para absorver os activos tóxicos ou pela venda total ou parcial da instituição, são já visíveis os efeitos que as crises sucessivas no sistema financeiro nacional estão a desencadear a nível político. Depois do buraco do BPN e da cratera do BES, já ninguém se atreve a dar garantias mais ou menos eloquentes sobre o Banif, um banco pequeno que o Governo de Passos Coelho nacionalizou há três anos e no qual o Estado já injectou 1100 milhões de euros. Prudência é agora a palavra-chave, como provou ontem o Presidente da República, em Aveiro, quando questionado sobre a situação do Banif. “O bom senso e o conhecimento das funções do sistema bancário aconselham muito cuidado nas palavras que se pronunciam em público”, disse Cavaco Silva. Como é evidente, o Chefe de Estado não quer dar qualquer sinal sobre a forma como está a ser gerida a situação no banco para não dar azo às acusações de que foi alvo aquando da crise do BES. Na altura, invocou informações do Banco de Portugal para acalmar a ansiedade de clientes e investidores, mas muitos entenderam as suas palavras como um voto de confiança na solidez do BES. E cobraram-lhe por isso. O assunto tem também exigido a máxima prudência do primeiro-ministro, mas isso não o tem inibido de demonstrar a delicadeza da situação. A prova foi a inesperada realização de uma reunião com todos os partidos, esta semana, em S. Bento. Em cima da mesa esteve, exclusivamente, o dossier Banif e o que de lá saiu resumiu-se a um pacto de silêncio, mas António Costa não se furtou a dar sinais sobre o limite das garantias públicas. A saber: apenas em todos os depósitos e “até ao último cêntimo”. O resto se verá, inclusive o funcionamento do Banco de Portugal que merece “reflexão séria” em “cenário de calma”. A crise está a arrasar o perfil do nosso sistema bancário e expôs as fragilidades do regulador. Costa já percebeu por onde tem de começar.