Ordem vai desenhar projecto-piloto para ter dentistas nos centros de saúde
Ideia partiu do Ministério da Saúde, que quer aproximar o Serviço Nacional de Saúde das necessidades das pessoas.
A Ordem dos Médicos Dentistas vai desenhar um projecto-piloto para que passem a existir consultas desta especialidade nos centros de saúde. A ideia foi avançada pelo Ministério da Saúde e, agora, a ordem adianta que vai avançar com uma proposta e que o objectivo é ter um “memorando de acordo” assinado com a tutela até ao final de Janeiro.
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A Ordem dos Médicos Dentistas vai desenhar um projecto-piloto para que passem a existir consultas desta especialidade nos centros de saúde. A ideia foi avançada pelo Ministério da Saúde e, agora, a ordem adianta que vai avançar com uma proposta e que o objectivo é ter um “memorando de acordo” assinado com a tutela até ao final de Janeiro.
O objectivo de passar a ter consultas com dentistas nos cuidados de saúde primários foi anunciada esta quarta-feira pelo Ministério da Saúde, no âmbito de um conjunto de ideias para reformar o Serviço Nacional de Saúde. O principal propósito é modernizar os serviços públicos de saúde e direccioná-los para as pessoas, segundo explicou o secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo.
Agora, a Ordem dos Médicos Dentistas, num comunicado, “saúda a intenção do Ministério da Saúde de integrar médicos dentistas nas unidades de saúde familiares e nos centros de saúde” e informa que vai “vai delinear um projecto-piloto a ser apresentado o mais breve possível ao Ministério da Saúde, sendo que as duas entidades pretendem assinar, até ao final do próximo mês, um memorando de acordo”.
Inicialmente o projecto deverá avançar em algumas regiões preferenciais, prevendo ainda uma “carteira de tratamentos básicos, cedência de instalações, fornecimentos de equipamentos e mecanismos de controlo”. “Há muito que denunciamos a ausência de cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS). É uma lacuna que dura desde que o SNS foi criado em 1979 e que até aqui nunca foi suprimida. Existe ainda em Portugal uma visão, profundamente errada, que separa a saúde oral da saúde no seu todo e acarreta enormes custos para as pessoas, mas também para o Estado”, defende o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.
Para Orlando Monteiro da Silva, a medida proposta pela tutela de Adalberto Campos Fernandes “será um marco fundamental para a medicina dentária portuguesa e saúde oral dos portugueses”. O responsável congratulou-se, também, com a confirmação de que o já existente Programa Nacional de Saúde Oral é para continuar. Segundo o bastonário, este plano, que ficou conhecido pelos chamados “cheques-dentista”, tem tido “resultados efectivos muito positivos, sobretudo entre as crianças, e tem permitido colmatar as necessidades de alguns grupos específicos, nomeadamente populações mais carenciadas”. No entanto, entende que é “necessário alargar [o programa] para dar resposta a toda a população”.
Além das consultas com dentistas, as ideias do novo ministro da Saúde para os cuidados de saúde primários passam por equipar os centros de saúde com mais meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, de que são exemplo as análises clínicas. Outras das medidas passam por estudar mais projectos-piloto também para consultas de oftalmologia, psicologia, nutrição e fisioterapia. De resto, tal como estava já previsto no programa do Governo, pretende-se criar mais Unidades de Saúde Familiar (USF) e, para promover a qualidade dos serviços, investir nas figuras do enfermeiro de família e do secretário clínico.
Recentemente foi publicado o II Barómetro Nacional de Saúde Oral, da responsabilidade da Ordem dos Médicos Dentistas, que concluiu que metade dos portugueses não vai ao dentista há mais de um ano, com uma quebra no número de consultas de 2014 para 2015. A falta de dinheiro é a principal justificação dada pelos cidadãos. Entre quem foi a consultas estão sobretudo mulheres, jovens e pessoas a viver na zona interior Norte ou de classes sociais mais elevadas. A queda acontece quando 37% dos inquiridos dizem ter falta de mais do que de seis dentes naturais. Além disso, 54% dos portugueses com falta de dentes naturais não têm nada a substituí-los e apenas 28% dizem ter a dentição completa.