Visões da Rússia e dos EUA para a Síria “coincidem amplamente", diz Putin

Na conferência de imprensa anual, Presidente russo atacou liderança turca e garantiu que vai continuar a apoiar Exército de Assad

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Putin reconheceu na conferência de imprensa que há militares russos no Leste da Ucrânia Maxim Zmeyev/Reuters

Vladimir Putin diz que a Rússia e os Estados Unidos têm posições convergentes sobre o caminho para a paz na Síria, mas assegura que até haver uma solução política para o conflito a aviação de Moscovo vai continuar a apoiar as acções do Exército de Bashar al-Assad.

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Vladimir Putin diz que a Rússia e os Estados Unidos têm posições convergentes sobre o caminho para a paz na Síria, mas assegura que até haver uma solução política para o conflito a aviação de Moscovo vai continuar a apoiar as acções do Exército de Bashar al-Assad.

O Presidente russo falava na conferência de imprensa anual do Kremlin, um gigantesco (em dimensão e duração) encontro com centenas de jornalistas. Durante mais de três horas, Putin deixou palavras optimistas sobre a economia russa, atacou com dureza o governo turco – “O que pensavam eles que iriam conseguir [ao abater o caça russo]? Talvez pensassem que iríamos fugir. Mas a Rússia não é um país desses”, – e enviou sinais de desanuviamento à vizinha Ucrânia.

A certo momento, respondendo a um jornalista, Putin foi ao ponto de admitir, pela primeira vez, que há militares russos nas zonas controladas pelos separatistas no Leste da Ucrânia: “Nunca dissemos que não temos pessoas lá a executar certas tarefas, incluindo na esfera militar. Mas isso não significa que haja lá tropas [regulares] russas, notem bem”.

A conferência de imprensa aconteceu na véspera da reunião que vai juntar, em Nova Iorque, os países que apoiam quer a oposição síria quer o regime de Bashar al-Assad para prosseguir as discussões sobre o plano acordado no mês passado em Viena. Putin, que terça-feira recebeu o chefe da diplomacia norte-americana, diz que as visões dos dois países sobre este roteiro (que prevê negociações entre rebeldes e regime, seguidas da formação de um governo transitório e da realização de eleições) “coincidem amplamente”. Mas deixou claro que Moscovo continua a não aceitar que Assad seja posto de parte, como exigem os americanos, nem planeia rever as suas operações na Síria. “Vamos continuar com os ataques aéreos e a apoiar as ofensivas do Exército sírio enquanto eles as efectuarem”, assegurou, dizendo que Moscovo está também a cooperar com os rebeldes que “querem realmente combater o Estado Islâmico”, o alvo dos ataques da coligação liderada pelos EUA.

Num sinal de aproximação, o Conselho de Segurança da ONU vota nesta quinta-feira à noite um projecto de resolução, apresentado pelos EUA mas elaborado em conjunto com a Rússia, para estrangular as fontes de financiamento do grupo jihadista que, segundo um estudo recente, arrecada  80 milhões de dólares por mês. O texto exige aos países que tipifiquem como crime grave o financiamento do terrorismo, reforcem a troca de informações e “ajam energicamente” para bloquear as transacções – seja de bens roubados, de petróleo ou de doações – que alimentam os fundos do grupo terrorista. Para coordenar estes esforços, a comissão que desde 1999 monitoriza as sanções contra a Al-Qaeda vai ser rebaptizada, estendendo a sua vigilância ao EI.