Este ano é o "pior de sempre" nas obras públicas
Investimento público no sector voltou a registar mínimo histórico, segundo a associação AICCOPN.
Com o abrandamento do investimento público na construção, o valor dos contratos de obras públicas celebrados este ano está em queda acentuada. Até Novembro, o montante contratado recuou 38,4% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu um mínimo histórico que leva a associação da fileira da construção AICCOPN a antecipar que 2015 será “o pior ano de sempre em termos de investimento público” no país.
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Com o abrandamento do investimento público na construção, o valor dos contratos de obras públicas celebrados este ano está em queda acentuada. Até Novembro, o montante contratado recuou 38,4% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu um mínimo histórico que leva a associação da fileira da construção AICCOPN a antecipar que 2015 será “o pior ano de sempre em termos de investimento público” no país.
O barómetro da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), divulgado nesta quinta-feira, está em mínimos históricos desde que foi lançado este indicador (Janeiro de 2010), com os montantes mais baixos tanto em relação aos contratos promovidos por entidades públicas, como a concursos lançados e contratos celebrados.
Em Novembro “apenas foram promovidos 56,4 milhões de euros, valor que é 28% inferior ao apurado no mês anterior”. Ao longo dos últimos seis anos, diz a AICCOPN, apenas se registaram valores mensais abaixo dos 80 milhões de euros em sete ocasiões – quatro delas aconteceram este ano. Percorridos os 11 primeiros meses do ano, o volume de obras concursadas foi de 1125 milhões de euros, menos 24% em relação ao mesmo período do ano passado, em que já se verificou uma queda de 7%.
Faltando apenas apurar os números do último mês do ano, a associação do sector está a prever que em 2015 o volume de obras públicas promovidas seja “o mais baixo desde, pelo menos, o ano 2000, altura em que se lançaram 3,9 mil milhões de euros em concursos públicos, ou seja, mais do triplo do volume actual”.
Em relação aos contratos já celebrados, alerta a AICCOPN, “o cenário é ainda mais gravoso”, com uma queda homóloga de 38% até Novembro, para um volume de obras de 962 milhões de euros. Se nos ajustes directos a redução é de 2%, a queda chega aos 51% nos contratos resultantes de concursos públicos. No ano passado, o valor global dos contratos celebrados até Novembro atingiu 1562 milhões de euros, crescendo 10% em reacção ao período homólogo de 2013.
O mau desempenho deste ano, vinca a associação, contraria “significativamente os sinais positivos dados pelo investimento” na construção por parte dos privados, “designadamente em domínios como o segmento residencial, a reabilitação urbana e o investimento estrangeiro em imobiliário”, que “será sustentado em níveis mínimos de investimento público que, neste momento, não estão a ser cumpridos”. Para a AICCOPN, as variações no índice mostram uma situação “só será compreensível dada a dependência do sector face aos ciclos eleitorais, que geram inaceitáveis avanços e recuos”.
A falta de obras têm gerado uma forte redução no número de empresas e empregos no sector da construção, de que é apenas um exemplo o despedimento de 500 trabalhadores anunciado na quarta-feira pela Soares da Costa, que chegou a ser a maior construtora nacional. Com Rosa Soares