Humans Rights Foundation pede a Nicki Minaj que cancele concerto em Luanda
"O pagamento que receberá é resultado de corrupção de Estado e da violação de direitos humanos”, escreve a associação de defesa dos direitos huimanos. A actuação é patrocinada pela Unitel de Isabel dos Santos.
Nicki Minaj, uma das cantoras de topo no actual cenário musical, tem estreia marcada em território angolano para dia 19 e o anúncio da actuação provocou uma reacção da Humans Right Foundation, que pede à cantora o cancelamento do concerto. “O pagamento que receberá dos seus patrocinadores angolanos é resultado de corrupção de Estado e da violação de direitos humanos”, lê-se na carta endereçada à cantora por Thor Halvorsen, presidente da instituição.
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Nicki Minaj, uma das cantoras de topo no actual cenário musical, tem estreia marcada em território angolano para dia 19 e o anúncio da actuação provocou uma reacção da Humans Right Foundation, que pede à cantora o cancelamento do concerto. “O pagamento que receberá dos seus patrocinadores angolanos é resultado de corrupção de Estado e da violação de direitos humanos”, lê-se na carta endereçada à cantora por Thor Halvorsen, presidente da instituição.
O concerto decorrerá no Estádio dos Coqueiros, Luanda, e está incluído no festival de Natal “Show Unitel – Boas Festas”, patrocinado pela Unitel, a maior empresa de telecomunicações angolana, que tem em Isabel dos Santos, empresária e filha do Presidente da República angolana, José Eduardo dos Santos, uma das fundadoras e principais accionistas.
No post na página oficial de Nicki Minaj no Facebook em que o concerto foi anunciado a 10 de Dezembro, lêem-se agora, entre as boas-vindas à cantora, vozes que se juntam à de Thor Halvorsen no pedido de cancelamento. A carta da Humans Rights Foundation, com sede em Nova Iorque desde 2006, surge num momento em que decorre em tribunal o julgamento dos 16 activistas angolanos presos, segundo defendem as autoridades angolanas, por conspiração para levar a cabo um golpe de estado – participavam num grupo de leitura sobre resistência pacífica quando da prisão.
Na carta, Thor Halvorsen questiona: “Como artista independente e de convicções fortes, não deveria estar a defender a libertação do rapper Luaty Beirão [o mais mediático dos presos que, soube-se esta terça-feira, aguardarão o fim do julgamento em prisão domiciliária], em vez de entreter o ditador e a sua família de ladrões?”. A carta está a merecer exposição na imprensa internacional, estando noticiada, por exemplo, na Billboard, que elegeu recentemente Minaj como “artista feminina do ano”.
Acusando o regime angolano liderado por José Eduardo dos Santos de “exploração da riqueza em diamantes e petróleo de Angola para reunir uma riqueza ilegítima, mantendo no processo controlo sobre todos sectores governamentais, militares e da sociedade civil”, e expondo a perseguição ao direito de expressão livre da população e à liberdade de imprensa, “documentada” por organizações como a “Freedom House, Humans Right Watch, Amnistia Internacional e o Comité para a Protecção de Jornalistas”, Halvorsen recorda a Nicki Minaj o seu envolvimento em projectos de beneficência e a contradição que constituirá, perante esse empenho, a actuação no concerto patrocinado pela Unitel.
Apontado o caso específico da Get Schooled Foundation, apoiada por Minaj e que incentiva jovens a prosseguirem a sua carreira académica, Halvorsen alerta: “Se for em frente com esta actuação, estará ao mesmo nível daqueles que roubam fundos para educação e oportunidades aos jovens angolanos”.
Até ao momento, não houve qualquer reacção à carta por parte de Nicki Minaj.