Os avisos do PCP
Manter o Governo sob pressão para obter ganhos de causa.
Se dúvidas houvesse, António Costa já deve ter percebido por esta altura que não vai ser nada fácil gerir o tipo de relação que acordou com o PCP. Entre juramentos de fidelidade ao documento assinado com os socialistas e avisos sobre até onde poder ir o máximo denominador comum da “convergência” e do “compromisso” estabelecido entre ambas as partes, quase não há dia em que os comunistas não venham a terreiro lembrar que não desejam ser propriamente incluídos no rol de apoiantes do actual Governo. Sempre com o cuidado de desdramatizar as “divergências” e garantindo que, se tal acontecer, não estará “em causa a solução governativa encontrada”. O PCP ainda não percebeu que, nesta altura do campeonato, essa é uma responsabilidade que já não está em condições de descartar, mas insiste em prevenir qualquer acusação futura sobre o destino mais ou menos adverso do executivo minoritário do PS. Foi isto que Jerónimo de Sousa fez, mais uma vez, este fim-de-semana, no final da reunião do comité central, quando frisou que a reposição integral dos salários na função pública é uma questão “sagrada” e “de princípio”.
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Se dúvidas houvesse, António Costa já deve ter percebido por esta altura que não vai ser nada fácil gerir o tipo de relação que acordou com o PCP. Entre juramentos de fidelidade ao documento assinado com os socialistas e avisos sobre até onde poder ir o máximo denominador comum da “convergência” e do “compromisso” estabelecido entre ambas as partes, quase não há dia em que os comunistas não venham a terreiro lembrar que não desejam ser propriamente incluídos no rol de apoiantes do actual Governo. Sempre com o cuidado de desdramatizar as “divergências” e garantindo que, se tal acontecer, não estará “em causa a solução governativa encontrada”. O PCP ainda não percebeu que, nesta altura do campeonato, essa é uma responsabilidade que já não está em condições de descartar, mas insiste em prevenir qualquer acusação futura sobre o destino mais ou menos adverso do executivo minoritário do PS. Foi isto que Jerónimo de Sousa fez, mais uma vez, este fim-de-semana, no final da reunião do comité central, quando frisou que a reposição integral dos salários na função pública é uma questão “sagrada” e “de princípio”.
O guião seguido pelo PCP é sempre o mesmo: primeiro a reivindicação, depois o aviso e logo a seguir a desdramatização do permanente equilíbrio instável em que vive o Governo de António Costa. Ora, é impossível que iniciativas legislativas como a reversão da concessão dos transportes suburbanos de Lisboa e Porto a privados, a subida do salário mínimo para 600 euros ou a abolição das portagens em várias ex-Scut não tenham um significado político para além do mero sinal de prova de vida por parte de um partido acossado pelo inesperado sucesso do juvenil Bloco de Esquerda. Pelo contrário, depois de ter arriscado a entrada por território desconhecido, o PCP sabe que a sua sobrevivência depende da boa gestão de uma relação que tem de durar o tempo suficiente para justificar a saída da sua zona de conforto. E isso significa obter o máximo de ganhos de causa.