Portugal continua no 43.º do ranking da ONU para o Desenvolvimento Humano

A melhoria das condições de trabalho foi o foco do relatório de 2015 sobre Desenvolvimento Humano. .

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A República Centro-Africana continua a ser um dos países com níveis mais baixos de desenvolvimento humano GIANLUIGI GUERCIA/AFP

Portugal continua entre os 50 países do mundo com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mantendo a 43ª posição no ranking de 2015 divulgado pela Organização das Nações Unidas esta segunda-feira. Desde 1990, altura em que o índice começou a ser monitorizado, os anos de escolaridade no país subiram de 11.7 para 16.3, e a esperança média de vida aumentou de 74 para 80 anos no país.

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Portugal continua entre os 50 países do mundo com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mantendo a 43ª posição no ranking de 2015 divulgado pela Organização das Nações Unidas esta segunda-feira. Desde 1990, altura em que o índice começou a ser monitorizado, os anos de escolaridade no país subiram de 11.7 para 16.3, e a esperança média de vida aumentou de 74 para 80 anos no país.

De acordo com o relatório, apresentado em Addis Ababa, na Etiópia, nos últimos 25 anos dois mil milhões de pessoas em todo o mundo deixaram de viver em níveis baixos de desenvolvimento humano, benefeciando de mais acesso à educação e a cuidados de saúde, e mais de um milhão saiu de uma situação de pobreza extrema. 

A tabela volta este ano a ser liderada pela Noruega, com índice de 0.94, seguida pela Austrália e a Suíça, respectivamente em segundo e terceiro lugar.

 A África subsariana continua a ser a região com nível mais baixo de IDH. A Eritreia, a República Centro-Africana e o Níger a ocupam os últimos três lugares da tabela de 188 países em análise. As maiores quedas são da Síria, que desceu 15 lugares nos últimos cinco anos e ocupa agora a 134ª posição, e da Líbia, que baixou 27 posições.

Ainda assim, todas as regiões do mundo beneficiaram de uma melhoria na qualidade de vida desde 1990. No Níger, em último no ranking, a esperança média de vida subiu de 46 para 52 anos desde 1990, e os anos de escolaridade, que eram cerca de sete, estão agora nos 8.9 anos.

Para além da esperança média de vida e dos anos de escolaridade efectiva e expectável das populações, o cálculo do IDH abrange o PIB per capita de cada país, e teve este ano em agenda a contribuição do emprego pleno para a melhoria do desenvolvimento económico, e, consequentemente, humano, dos Estados. 

Trabalhar melhor
O relatório divide os países em quatro categorias, de muito elevado, elevado, médio e baixo desenvolvimento humano, e deu particular enfoque aos impactos das condições laborais no nível da vida das pessoas.

“Para compreender os impactos do desenvolvimento, temos de explorar a maneira como afecta a vida das pessoas” revelou Helen Clark, responsável da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano, no discurso de apresentação do relatório. “As mudanças no mundo do trabalho têm grandes implicações no desenvolvimento humano – e por isso é que este relatório é tão oportuno”.

De acordo com os dados publicados, mais de 800 milhões de pessoas trabalham actualmente por menos de 2 dólares por dia. Apesar do desenvolvimento económico e da melhoria nas condições de vida, estima-se que existam cerca de 200 milhões de desempregados, 74 milhões dos quais são jovens.

O oitavo Objectivo para o Desenvolvimento Sustentável sobre o trabalho digno e o crescimento Económico, definido em Setembro deste ano, esteve no centro do estudo. Até 2030, a ONU propõe-se a promover o crescimento económico sustentável e inclusivo, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos.

“Apesar de as pessoas terem hoje mais acesso à saúde e à educação, e um número muito menor de gente esteja a viver no limiar da pobreza, existem desigualdades e barreiras que continuam a impedir que alguns grupos de pessoas integrem a força de trabalho” afirmou Helen Clark no comunicado desta segunda-feira.

O relatório destaca crianças, trabalhadores ilegais, trabalhadores forçados, trabalhadores em condições perigosas e mulheres como grupos mais vulneráveis no mercado laboral.

No que respeita à desigualdade de género, os dados indicam que as mulheres ganham menos 24% que os homens, e detêm apenas um quinto das posições de liderança em todo o mundo. Um terço das empresas não tem, de todo, mulheres em cargos administrativos.

“O ponto de partida do relatório foi encarar o trabalho para além da noção de emprego. Estamos a falar de trabalho criativo, trabalho não pago de cuidados, trabalho voluntário”, revela o principal autor do relatório e responsável do Gabinete de Relatórios da UNDP, Selim Jahan, num comunicado oficial.

As mudanças nas características demográficas, as novas dinâmicas do progresso tecnológico e o crescente fluxo de migrações representam a necessidade de mudanças estruturais no mundo do trabalho. Para Helen Clark, “a revolução digital e a globalização trouxeram flexibilidade aos trabalhadores e novos padrões de trabalho, mas também trouxeram insegurança e vulnerabilidade”, e por isso a garantia de trabalho decente a todos “é um dos maiores desafios ao desenvolvimento global”.

Texto editado por Joana Amado