A incerteza continua a dominar a campanha eleitoral em Espanha

O PP vencerá mas longe da maioria. É cedo para imaginar coligações e pensar na governabilidade da Espanha

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Rajoy vence, mas será que vai governar? Joaquin De Haro/Reuters

As derradeiras sondagens confundiram ainda mais o quadro político que sairá das legislativas espanholas de 20 de Dezembro (20D). Retratam uma situação ainda volátil. Certezas há poucas: o Partido Popular (PP) vencerá mas muito longe da maioria absoluta (176 mandatos). O bipartidarismo está esgotado. Com a entrada em cena do Podemos, de Pablo Iglesias, e do Cidadãos, de Albert Rivera, o PP, de Mariano Rajoy, e o PSOE, de Pedro Sánchez, deixaram de monopolizar a categoria “grandes partidos”. Instalou-se um jogo a quatro. As sondagens desenham uma Espanha muito difícil de governar depois do 20D.

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As derradeiras sondagens confundiram ainda mais o quadro político que sairá das legislativas espanholas de 20 de Dezembro (20D). Retratam uma situação ainda volátil. Certezas há poucas: o Partido Popular (PP) vencerá mas muito longe da maioria absoluta (176 mandatos). O bipartidarismo está esgotado. Com a entrada em cena do Podemos, de Pablo Iglesias, e do Cidadãos, de Albert Rivera, o PP, de Mariano Rajoy, e o PSOE, de Pedro Sánchez, deixaram de monopolizar a categoria “grandes partidos”. Instalou-se um jogo a quatro. As sondagens desenham uma Espanha muito difícil de governar depois do 20D.

No dia 3, o Centro de Investigaciones Sociológicas (CIS) publicou a sua última mega-sondagem até às eleições: o PP (de 120 a 128 deputados) ganhará mas terá de se coligar para governar; o PSOE desce mas mantém o segundo lugar (77-89); o Cidadãos será a terceira força (63-66) e o Podemos a quarta (45-49). Seis partidos regionais deverão entrar no parlamento.

A sondagem do CIS é o estudo de referência por ser baseado em mais de 17.000 entrevistas, o que lhe permite observar a província, mas foi realizada na primeira quinzena de Novembro. Mostra uma implacável disputa do centro, entre o Cidadãos, o PP (em forte perda nesta área) e o PSOE. Sánchez é acossado no centro-esquerda por Rivera e no eleitorado mais à esquerda por Iglesias. É forçado a dar tanta atenção à sua esquerda como ao centro, o que não é fácil.

Este inquérito aponta um alto número de indecisos e, sobretudo, de eleitores decididos mas que admitiam poder ainda mudar o seu voto. Tem sido intensa a oscilação das preferências entre PSOE e Podemos, entre PSOE e Cidadãos ou entre PP e Cidadãos. É próprio de um país em mutação política. 

As sondagens posteriores são também flutuantes. No dia 11, El Confidencial publicou a sua sondagem com este título: “A semana negra de Pedro Sánchez: Podemos (19,1%) já é terceiro e supera o PSOE (17%).” O PP confirma a liderança, com 27% e o Cidadãos manter-se-ia em segundo, com 23%. Ontem, El País publicou o seu último inquérito: “O PP consolida o primeiro lugar e o Cidadãos desce para quarto”. El Mundo resume assim a sua sondagem: “O PP mantém-se, o Podemos cresce e o Cidadãos estagna.” O PSOE conserva o segundo lugar.

Quem governará?
O politólogo Kiko Llaneras publicou esta segunda-feiraum estudo baseado em dezenas de sondagens e num “histórico” de resultados, com que fez 15 mil simulações de resultados. “Se as eleições se disputassem hoje, o PP obteria entre 108 e 129 deputados. O PSOE alcançaria cerca de 82 deputados, o Cidadãos entre 61 e 76, o Podemos entre 39 e 54.”

Antes de se perguntar que coligações são prováveis é essencial saber quais são as possíveis em termos de deputados. Para Llaneras, “a probabilidade de que PP e Cidadãos alcancem uma maioria de lugares é de 76%”. E se não a conseguirem? “A alternativa com mais possibilidades para substituir Rajoy é a soma do PSOE, Cidadãos e Podemos que tem 91% de probabilidades de somarem uma maioria.” Mas é credível? “PSOE e Cidadãos apenas somam 176 lugares em 5% das simulações. Uma grande coligação entre PP e PSOE obteria seguramente a maioria mas é politicamente complicada.” 

Este é um problema para o 21 de Dezembro. Até ao 20D, escreve o politólogo Jorge Galindo é “a campanha da incerteza, com os quatro partidos a explorar os caminhos para chegarem até aos indecisos”.