Marca portuguesa de collants quer juntar moda e medicina para crescer
A Custoitex, dona da Collove, tem planos para entrar no segmento de saúde e desporto com os collants e roupa interior sem costuras que produz. Uma loja online e a internacionalização também fazem parte dos planos.
Sandra Morais diz que cresceu ali, entre pavilhões e terraços, e passou a infância entre máquinas de tricotar e máquinas de costura. Lembra-se de brincar com irmãos e amigos às aventuras de “Os Cinco” e que o famoso Tim idealizado por Enid Blyton era recriado a partir de uma bola de meias velhas. Licenciada em marketing, com um MBA em Gestão, Sandra Morais voltou a circular entre as máquinas de costura, mas agora com uma posição bem diferente. A empresária diz que nem gosta de falar nisso, que o pior já passou, e que o processo de insolvência de 2009 pertence ao passado. A actual proprietária assumiu a liderança da empresa familiar e resgatou a Custoitex de um fecho iminente.
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Sandra Morais diz que cresceu ali, entre pavilhões e terraços, e passou a infância entre máquinas de tricotar e máquinas de costura. Lembra-se de brincar com irmãos e amigos às aventuras de “Os Cinco” e que o famoso Tim idealizado por Enid Blyton era recriado a partir de uma bola de meias velhas. Licenciada em marketing, com um MBA em Gestão, Sandra Morais voltou a circular entre as máquinas de costura, mas agora com uma posição bem diferente. A empresária diz que nem gosta de falar nisso, que o pior já passou, e que o processo de insolvência de 2009 pertence ao passado. A actual proprietária assumiu a liderança da empresa familiar e resgatou a Custoitex de um fecho iminente.
“Sofremos o embate que enfrentou todo o sector têxtil, que viu a produção sair para os países mais baratos. Mudámos o paradigma, reformulámos a oferta, deixámos de apostar no preço para procurar dar resposta aos clientes que procuram quantidades mais pequenas, produtos de maior qualidade, entregas mais rápidas”, sintetiza a gestora. O private label, ou a marca branca, que lhe permite entregar produção para ser comercializada com outras marcas, ainda pesa 20% no volume de negócios da empresa, que deverá fechar o ano de 2015 com uma facturação de 2,1 milhões de euros. Mas a aposta assumida de Sandra Morais é divulgar a marca Collove, assumidamente “a menina dos olhos” da empresária e da empresa.
A Custoitex continua a trabalhar em três marcas, Coll, D’Ella e Collove, e não tenciona descurar os mercados internacionais de onde têm vindo mais encomendas de private label, como a Holanda, a França ou a Grã-Bretanha. Mas a estratégia agora assumida é diversificar essa aposta, não só em termos de mercados, mas também em termos de segmento, já que intenção é começar a oferecer e a vender produtos ligados à área do desporto e também dos dispositivos médicos. “Estamos à espera da aprovação do Infarmed que nos habilita a conceber e a comercializar produtos que podem ser apresentados como medicalizados. Estamos a pensar em segmentos como as gestantes ou os diabéticos, entre outros. Na área do desporto também já temos uma linha de produtos para o Ballet e o Yoga. E vamos continuar”, afirma Sandra Morais.
À frente de uma empresa com 69 funcionários, muitos deles acompanham a Custoitex desde a fundação há 40 anos, Sandra Morais está entusiasmada não só com a capacidade de resiliência da equipa, como com a vontade de inovação que encontra entre os trabalhadores. Em Setembro deste ano a Custoitex concluiu os processos de certificação - num “processo de avaliação contínua” que obrigou a “muitas melhorias internas” – e também dos seus produtos. “Temos agora um certificado de conformidade que atesta que os nossos materiais cumprem todos os requisitos humanos e ecológicos e os produtos podem estar em contacto inclusive com a pele sensível dos bebés”.
Munida de todas estas novas ferramentas não há, porém, no rol de intenções de Sandra Morais uma única que a desvie do segmento que melhor conhece: a moda. “É onde nos sentimos bem”, esclarece. E se as dezenas de referências que comercializa, nas três marcas já referidas, em produtos como meias, peúgas e collants, mas também roupa interior feminina e masculina, onde abundam peças seamless (artigos sem costuras, feitos de algodão biológicos ou poliamidas recicladas) talvez a colecção Underactive, desenhada pela estilista londrina Nicole de Carle possa servir como um dos melhores cartões-de-visita. A designer, que já assinou peças para corpos de Jennifer Lopez ou Beyonce, escolheu a Custoitex como parceira para a iniciativa europeia (o projecto Worth) que aproxima as PME de criadores de vários países. A colecção Underactive, é uma linha de moda shapewear (roupa criada para desenhar formas) a partir do conceito capsule collection (quando utilizadas entre si, as várias peças combinam). O lançamento da colecção foi feito a 9 de Novembro, e no final do mês já estava a ser apresentado na Escola de Moda de Paris.
“Foi uma excelente experiência” sintetiza Sandra Morais, que não esconde a vontade de participar em mais iniciativas deste género, pelos desafios que trouxe e a aprendizagem que acarretou. E se para garantir estas iniciativas pode fazer pouco mais do que dizer que está disponível, Sandra Morais sabe, porém, em que noutros tabuleiros pode fazer jogadas mais seguras: a participação em feiras internacionais especializadas. No próximo mês de Janeiro estará a participar na Interfiliére, o Salão Internacional de Lingerie, em Paris. E está para breve a abertura de uma loja online.