PSD e CDS juntos no apoio a Marcelo mas vão começar a descolar
Sociais-democratas esperam que o partido comece a descolar do seu parceiro da coligação para as legislativas.
O PSD e o CDS vão esta quinta-feira declarar o apoio ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa, mas a eleição presidencial será uma das poucas pontes que os vai unir nos próximos meses, já que os partidos começam a querer andar pelo seu próprio pé. A coligação PAF (Portugal À Frente) – que foi feita para apoiar um Governo PSD/CDS - morreu.
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O PSD e o CDS vão esta quinta-feira declarar o apoio ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa, mas a eleição presidencial será uma das poucas pontes que os vai unir nos próximos meses, já que os partidos começam a querer andar pelo seu próprio pé. A coligação PAF (Portugal À Frente) – que foi feita para apoiar um Governo PSD/CDS - morreu.
Em dois conselhos nacionais, realizados em separado cada um na sua sede partidária, mas ambos marcados para esta quinta-feira à mesma hora, PSD e CDS vão dar um sinal de união e declarar apoio a Marcelo Rebelo de Sousa, o único candidato de centro-direita às Presidenciais de 2016. Mesmo que muitos sociais-democratas e democratas-cristãos estejam descontentes com actual o discurso do ex-líder do PSD, que consideram muito colado à esquerda e pouco sintonizado com a área política que o vai apoiar.
Na direcção do PSD havia quem preferisse Rui Rio, mas o ex-autarca do Porto acabou por não avançar. Marcelo Rebelo de Sousa posicionou-se na corrida a Belém e acabou por se impor, não deixando margem para outros candidatos.
Apesar deste sinal de união, PSD e CDS estão já a preparar uma nova fase de relacionamento, depois de se desfazer naturalmente a coligação PAF. Os sociais-democratas esperam que o partido descole do CDS e se ocupe do centro do espectro político deixado “escancarado” pela viragem à esquerda do PS.
Apesar de todos concordarem que a articulação entre os grupos parlamentares continuará, dirigentes ouvidos pelo PÚBLICO acreditam que os dois partidos vão começar a caminhar pelo sue próprio pé, com cada um dos líderes a por em cima da mesa a sua agenda. “São dois grupos parlamentares, dois partidos com ideossincrasias”, sustenta uma fonte social-democrata.
Aliás, o mais recente tempo de antena do PSD, emitido na passada semana e disponível no site, já não se refere à coligação com o CDS e posiciona-se como um partido moderado. Lançando a pergunta ‘o que é ser social-democrata no século XXI’, o vídeo define a matriz social-democrata como “socialista, humanista reformista”.
Recuperando a história da social-democracia nas últimas décadas, o PSD mostra-se contra os “radicalismos ideológicos”, assumindo-se como um “partido da mudança, da responsabilidade” e que lutará pelos seus valores “no poder ou na oposição”.
Muitos sociais-democratas esperam que essa demarcação com o CDS comece já a ser feita esta quinta-feira à noite, até porque estão desagradados com o rótulo de “direita” que lhes está a ser colocado pelo PS e pelos partidos mais à esquerda. A separação entre os dois partidos nunca será total, até porque aspiram voltar a disputar eleições legislativas e isso ninguém pode precisar quando pode acontecer.
Tanto no PSD como no CDS acredita-se que o actual Governo PS, com apoio parlamentar do BE e do PCP e PEV, pode durar um ano e isso é muito tempo para os dois líderes ficarem colados. Cada um tem que pôr o seu partido a mexer. Até porque as eleições autárquicas estão marcadas para o Outono de 2017.
Apesar de cada partido começar a seguir o seu caminho, haverá alguma contenção até às presidenciais e sobretudo até aos respectivos congressos partidários. A reunião magna dos sociais-democratas será marcada para 1, 2 e 3 de Abril, antecedida de eleições directas em Março. No CDS, a data do congresso deverá ser próxima. Em ambos os casos, o novo ciclo será definido sempre depois de uma eventual segunda volta das presidenciais.