O abraço de urso
PSD e CDS têm de se moderar, sob pena de asfixiarem Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa vai hoje receber o apoio oficial dos dois partidos da ex-coligação à sua candidatura a Belém. Apesar de a sua filiação partidária ser mais do que conhecida, como reagirá o eleitorado de esquerda e de centro esquerda às declarações do PSD e do CDS em favor de Marcelo Rebelo de Sousa? Até há algumas semanas atrás o mais certo era esse factor não ter qualquer influência na hora de ir às urnas, mas este mês e meio de controvérsia à volta da formação do Governo deixou marcas, designadamente, alargando a animosidade entre direita e esquerda para níveis muito próximos do PREC. É certo que Marcelo tem níveis de popularidade incomparáveis relativamente às outras candidaturas e ontem mesmo uma sondagem continuava a garantir-lhe a vitória à primeira volta das presidenciais, mas, em política, as seis semanas que faltam para dia 24 de Janeiro podem revelar-se uma eternidade. Ou seja, nada está garantido, porque há factores que podem pesar, tendo em conta que o único objectivo da esquerda neste momento é obrigar Marcelo a uma segunda volta. De acordo com as sondagens, esse objectivo vale mais ou menos cinco por cento, o que nem é muito se os cinco candidatos à esquerda – Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias, Edgar Silva e Henrique Neto – conseguirem mobilizar todo o seu eleitorado, travando assim a operação de charme que Marcelo há muito vem desenvolvendo junto destes sectores e que passou pela híper mediatizada deslocação do candidato à Festa do Avante, até à manifestação crítica de um distanciamento cada vez maior face a Cavaco Silva. Ora o apoio dos partidos da coligação pode deitar a perder todos os esforços de Marcelo no sentido de fazer voar esta candidatura para fora do seu espaço político tradicional, que, nesta altura, não dispõe de votos suficientes para o investir como inquilino do Palácio de Belém. Qualquer sinal de radicalismo por parte do PSD e do CDS afastará o eleitorado moderado de esquerda e transformará este apoio no abraço de urso que pode asfixiar Marcelo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Marcelo Rebelo de Sousa vai hoje receber o apoio oficial dos dois partidos da ex-coligação à sua candidatura a Belém. Apesar de a sua filiação partidária ser mais do que conhecida, como reagirá o eleitorado de esquerda e de centro esquerda às declarações do PSD e do CDS em favor de Marcelo Rebelo de Sousa? Até há algumas semanas atrás o mais certo era esse factor não ter qualquer influência na hora de ir às urnas, mas este mês e meio de controvérsia à volta da formação do Governo deixou marcas, designadamente, alargando a animosidade entre direita e esquerda para níveis muito próximos do PREC. É certo que Marcelo tem níveis de popularidade incomparáveis relativamente às outras candidaturas e ontem mesmo uma sondagem continuava a garantir-lhe a vitória à primeira volta das presidenciais, mas, em política, as seis semanas que faltam para dia 24 de Janeiro podem revelar-se uma eternidade. Ou seja, nada está garantido, porque há factores que podem pesar, tendo em conta que o único objectivo da esquerda neste momento é obrigar Marcelo a uma segunda volta. De acordo com as sondagens, esse objectivo vale mais ou menos cinco por cento, o que nem é muito se os cinco candidatos à esquerda – Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias, Edgar Silva e Henrique Neto – conseguirem mobilizar todo o seu eleitorado, travando assim a operação de charme que Marcelo há muito vem desenvolvendo junto destes sectores e que passou pela híper mediatizada deslocação do candidato à Festa do Avante, até à manifestação crítica de um distanciamento cada vez maior face a Cavaco Silva. Ora o apoio dos partidos da coligação pode deitar a perder todos os esforços de Marcelo no sentido de fazer voar esta candidatura para fora do seu espaço político tradicional, que, nesta altura, não dispõe de votos suficientes para o investir como inquilino do Palácio de Belém. Qualquer sinal de radicalismo por parte do PSD e do CDS afastará o eleitorado moderado de esquerda e transformará este apoio no abraço de urso que pode asfixiar Marcelo.