As guerras da laranja e da tangerina

A polémica em torno de Pacheco Pereira só será útil se permitir ao PSD repensar o seu papel político.

Num momento em que José Pacheco Pereira volta a ser notícia por mais um livro (o quarto volume da biografia política de Álvaro Cunhal, com lançamento marcado para hoje no Forte de Peniche), é-o também por razões partidárias. A sua participação em debates promovidos por duas candidaturas presidenciais de esquerda, a de Sampaio da Nóvoa e a de Marisa Matias, reacendeu no PSD (partido no qual é filiado) críticas à sua actuação e atitude política. Se “passa o tempo a dizer mal do partido” que saia, disse Duarte Marques. Mas que saia pelo seu próprio pé, para não se tornar “mártir”, e aqui é já a voz de Ângelo Correia, favorável à saída mas não a uma eventual expulsão. Ora as respostas de Pacheco não ajudam a resolver o “problema”: crítico insistente do anterior governo, o de Passos e Portas, continua a dizer-se fiel ao programa do PSD e afirma que “quem não é fiel é a actual direcção”. E continua filiado, diz ele, porque defende que é indispensável “um partido reformista com a tradição genética que vem de Sá Carneiro.”

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Num momento em que José Pacheco Pereira volta a ser notícia por mais um livro (o quarto volume da biografia política de Álvaro Cunhal, com lançamento marcado para hoje no Forte de Peniche), é-o também por razões partidárias. A sua participação em debates promovidos por duas candidaturas presidenciais de esquerda, a de Sampaio da Nóvoa e a de Marisa Matias, reacendeu no PSD (partido no qual é filiado) críticas à sua actuação e atitude política. Se “passa o tempo a dizer mal do partido” que saia, disse Duarte Marques. Mas que saia pelo seu próprio pé, para não se tornar “mártir”, e aqui é já a voz de Ângelo Correia, favorável à saída mas não a uma eventual expulsão. Ora as respostas de Pacheco não ajudam a resolver o “problema”: crítico insistente do anterior governo, o de Passos e Portas, continua a dizer-se fiel ao programa do PSD e afirma que “quem não é fiel é a actual direcção”. E continua filiado, diz ele, porque defende que é indispensável “um partido reformista com a tradição genética que vem de Sá Carneiro.”

Divergências destas, ou semelhantes, já houve muitas e em áreas políticas muito distintas. Geralmente redundam em cisões, expulsões ou numa anódina paz podre. Num capítulo deste novo livro sobre Cunhal, descreve-se o resultado de um inquérito interno (clandestino, nos tempos da ditadura) feito para saber as opiniões dos militantes do PCP sobre o comportamento pessoal de um grupo de “traidores” ao partido. As respostas são elucidativas: quase todos tinham defeitos muito antigos (ladrão, comilão, bêbedo, crava, vaidoso, aventureiro, etc.), como se todos fossem já traidores antes de o serem…

O “caso” Pacheco Pereira só será útil se permitir ao PSD repensar o seu papel político e clarificar o seu destino. De contrário, em lugar das guerras do alecrim e da manjerona, teremos guerras da laranja e da tangerina. Sem casamentos, ou sequer divórcios.