Grécia desloca refugiados retidos na fronteira com a Macedónia

Em Novembro, os países da chamada "rota dos Balcãs" limitaram a passagem a refugiados sírios, iraquianos e afegãos.

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As pessoas serão instaladas em centros para refugiados Robert ATANASOVSKI/AFP

As autoridades gregas começaram esta quarta-feira a deslocar para Atenas os migrantes e refugiados instalados na fronteira com a Macedónia e a quem foi negada a entrada no país. Desde que os países dos Balcãs começaram a filtrar migrantes e refugiados pela nacionalidade, há cerca de três semanas, muitas pessoas ficaram retidas e bloquearam a passagem de alguns comboios.

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As autoridades gregas começaram esta quarta-feira a deslocar para Atenas os migrantes e refugiados instalados na fronteira com a Macedónia e a quem foi negada a entrada no país. Desde que os países dos Balcãs começaram a filtrar migrantes e refugiados pela nacionalidade, há cerca de três semanas, muitas pessoas ficaram retidas e bloquearam a passagem de alguns comboios.

Numa operação policial, as cerca de 1200 pessoas provenientes de países como o Iraque e Paquistão começaram a ser encaminhadas em autocarros para a capital grega, onde serão instaladas em centros de refugiados para que iniciem o pedido de asilo ou o regresso aos países de origem. De acordo com a Reuters, 30 migrantes ou refugiados foram detidos por oferecerem resistência.

Várias pessoas bloquearam as linhas de comboio em Idomeni, uma pequena cidade grega na fronteira com a República da Macedónia, depois de, no mês passado, os países da chamada "rota das Balcãs" terem limitado a passagem a refugiados provenientes da Síria, do Iraque e do Afeganistão.

Os restantes migrantes e refugiados, maioritariamente iranianos, curdos, marroquinos e paquistaneses, são considerados pelas autoridades como "emigrantes económicos" e estão proibidos de entrar na Macedónia, na Croácia, na Eslovénia e na Sérvia. O mesmo acontece para quem não tem documentos que comprovem o país de origem.

Estes são os principais territórios de acesso ao norte da Europa, destino da maioria destes migrantes e refugiados que pretendem pedir asilo em países da União Europeia, sobretudo na Alemanha.

A decisão surgiu na sequência dos ataques em Paris, e muitos migrantes refugiados protestaram na fronteira, alguns deles cosendo os próprios lábios.

Desde que a política foi implementada e a Macedónia ergueu uma cerca com quatro quilómetros de extensão na fronteira, a tensão entre migrantes e refugiados e a polícia local intensificou-se. Na passada quinta-feira, um marroquino acabou por morrer electrocutado nas linhas férreas, e, no sábado, uma outra pessoa, também de nacionalidade marroquina, ficou gravemente queimada.

Em declarações à estação grega Skai TV, na segunda-feira, o vice-ministro para as Migrações, Ioannis Mouzalas, disse que as autoridades estão a fazer tudo para evitar que mais migrantes e refugiados se acumulem na fronteira com a Macedónia.

"Não queremos derramar sangue. Não queremos criar uma situação como a da Hungria em Iodmeni", afirmou, adiantando que há cerca de mil migrantes acampados no local.