Há um bom filme escondido pelo meio de No Coração do Mar, deitado fora pela incapacidade de Ron Howard decidir exactamente o que quer fazer da história verídica de um navio baleeiro americano no início do século XIX, capitaneado por um jovem inexperiente em guerra aberta com um imediato veterano. A viagem maldita do Essex, afundado pelo ataque de uma baleia gigante, viria a inspirar Herman Melville para escrever Moby Dick, e o primeiro problema do filme de Howard é “enquadrar” a história como um relato da verdade dos factos feito ao escritor (Ben Whishaw) pelo último sobrevivente da odisseia (Brendan Gleeson).
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Há um bom filme escondido pelo meio de No Coração do Mar, deitado fora pela incapacidade de Ron Howard decidir exactamente o que quer fazer da história verídica de um navio baleeiro americano no início do século XIX, capitaneado por um jovem inexperiente em guerra aberta com um imediato veterano. A viagem maldita do Essex, afundado pelo ataque de uma baleia gigante, viria a inspirar Herman Melville para escrever Moby Dick, e o primeiro problema do filme de Howard é “enquadrar” a história como um relato da verdade dos factos feito ao escritor (Ben Whishaw) pelo último sobrevivente da odisseia (Brendan Gleeson).
Em vez de aproximar o espectador da aventura, essa opção distancia-o, cria um desfasamento, uma descentragem que reduz o drama a uma mera função de ilustração ou explicação do romance, e que Howard, cineasta geralmente muito convencional (no sentido mais académico da palavra) mas capaz a espaços de coisas interessantes, não tem dedos para agarrar, mesmo com o trabalho de fotografia inteligentíssimo de Anthony Dod Mantle. Sempre oscilando entre um drama de câmara e um filme-espectáculo (ainda por cima numa área, a aventura marítima, que tem estado sub-explorada desde o excelente Master and Commander de Peter Weir, já lá vão mais de dez anos), No Coração do Mar torna-se num filme estranhamente indistinto e profundamente amorfo.